Dedicação e sintonia: Os traços de Dom Bosco na nossa fisionomia

Editorial do Boletim Salesiano n.º 577 de Novembro/Dezembro de 2019

Fotografia: Em 1861 Dom Bosco com os jovens

Encerrando a fantástica série de santos salesianos que fizeram as capas do BS deste ano, aparece este mês a figura ímpar de Dom Bosco, numa foto de 1861, tirada por F. Giraudi.

É uma imagem nossa conhecida, e sabemos já que o adolescente que está ajoelhado no genuflexório é o Paulo Álbera, que veio a ser o segundo sucessor de Dom Bosco à frente dos destinos da Congregação Salesiana. Mesmo assim surpreendeu-me ler uma legenda dessa fotografia que dizia: «O jovem Paulo Álbera no ato de se confessar a Dom Bosco».

Mas, afinal, quem é que está a ser fotografado, o jovenzinho ou o famoso sacerdote? Quem está em primeiro plano, quem merece destaque? Faz-me recordar o slogan do bicentenário: «Como Dom Bosco com os jovens e para os jovens».

Diz o Reitor-Mor na carta convocatória do Capítulo Geral 28: “Como Dom Bosco e na fidelidade ao Espírito, devemos impor-nos dar prioridade absoluta à missão salesiana com os jovens de hoje para ser, como ele foi, «sinais e portadores do amor de Deus aos jovens, especialmente aos mais pobres». A prioridade ou predileção pelos adolescentes e jovens mais necessitados do mundo de hoje, que em certo sentido é diferente do mundo das décadas passadas, condiciona objetivamente a nossa missão”.

São os jovens e as suas necessidades que determinam quem somos hoje. A melhor fotografia que nos pode ilustrar, deve incluí-los, e a nossa fisionomia tem de ter os traços da de Dom Bosco, de total dedicação e sintonia com os jovens.

E aquele que é fotografado com Dom Bosco, o Pe. Paulo Álbera, traça dele o mais belo retrato: “Dom Bosco educava amando, atraindo, conquistando e transformando. Envolvia-nos a todos e por inteiro quase numa atmosfera de contentamento e de felicidade, da qual eram excluídas penas, tristezas, melancolias… Tudo nele tinha para nós uma poderosa atração: o seu olhar penetrante e por vezes mais eficaz do que uma prédica; o simples mover da cabeça; o sorriso que lhe aflorava sempre nos lábios, sempre novo e variadíssimo e, no entanto, sempre calmo; a flexão da boca, como quando se quer falar sem pronunciar as palavras; as próprias palavras cadenciadas de uma forma em vez de outra; o porte da pessoa e o seu andar ligeiro e ágil: tudo isto exercia influência nos nossos corações juvenis como se fosse um íman a que não era possível furtar-se; e, mesmo que pudéssemos, não o faríamos por todo o ouro do mundo, de tal forma nos sentíamos felizes com este seu singularíssimo ascendente sobre nós, que nele era a coisa mais natural, sem intenção nem esforço algum”.  

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Publicado no Boletim Salesiano n.º 577 de Novembro/Dezembro de 2019

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