Alegria, perdão e Serviço

Falar da minha experiência espiritual de encontro com Jesus Cristo é uma tarefa desafiante e ambiciosa (ainda por cima, em tão escassas linhas)… Mas não custa tentar!

A minha fé em Cristo tem um cunho salesiano, dada a minha frequência, durante 12 anos, em Escolas Salesianas. Por isso, destaco três elementos que norteiam a minha experiência espiritual: a alegria, o perdão e o serviço.

Em primeiro lugar, a alegria é um dos valores basilares da educação salesiana. Contudo, a revelação da alegria aconteceu, comigo, fora das paredes do colégio. Enquanto estudante de direito, estagiei num escritório de advogados e percebi que, até num ambiente de trabalho, completamente formal, é possível criar empatia. Tal como fazia D. Bosco. Essa empatia dá-se, porque agimos com alegria. E desenganem-se os reticentes à alegria a fim de se preservar a eficiência profissional (seja lá o que isso for!). Eu percebi que só atingimos um verdadeiro resultado quando nos desprendemos daquilo que temos de defender (no caso dos advogados), de curar (relativamente, aos médicos) ou de ensinar (no respeitante aos professores) e criámos laços com quem nos rodeia. E, garanto-vos, a melhor forma de o fazer é a sorrir.

Em segundo lugar, realço a importância do perdão na minha vida. O ressentimento e a mágoa prendem os nossos movimentos. Atrofiam a nossa alma e o nosso coração. Neste sentido, cheguei à conclusão (e desculpem a conversa jurídica, que se segue…) de que o perdão é um contrato unilateral. Por outras palavras, nos contratos bilaterais, há obrigações recíprocas entre as partes contraentes, todavia no contrato unilateral não é assim. Assim, o perdão é um “contrato” pertencente a esta última categoria, porque a obrigação só existe para quem tem de perdoar. Não é preciso que outro faça alguma coisa. No fundo, o perdão é uma “cena” de “me, myself and I”. Enquanto cristãos somos convidados, por Cristo, a perdoar pela simples convicção de perdoar, não sendo tal atitude uma fraqueza, mas o alento para continuar a servir.

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Por fim, quero mencionar o valor do “serviço” na minha vida. Tive a honra e o privilégio de assistir ao crescimento e evolução da minha comunidade paroquial, onde sou animadora e catequista (e onde, antes, fui animanda e catequisanda). A forma como cresceu esta comunidade fez-me crer que só não conquistamos o céu se não quisermos. Essa conquista só é concretizada se, em cada animando ou catequisando, virmos o próprio Cristo e um dos “rapazes” de D. Bosco. Temos de os acolher no nosso coração, mesmo que todos os outros os rejeitem, pois D. Bosco dedicava-se e educava os renegados da sociedade.

Em jeito de conclusão, a minha experiência espiritual consiste em superar-me, devendo ir para além dos nossos limites, daquilo que se tenho por razoável e do que se dou por garantido. Como diria o Papa Francisco, “ser cristão é ser revolucionário, e que a nossa revolução seja com, como e para os jovens!” •

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