Celso Francisco: “O sonho que não sonhei”

Nasci no dia 24 de março de 1994, no Distrito do Kwanza Norte, concelho de Cambambe-Dondo, em Angola, num bairro pobre em estrutura, mas rico em força humana. Sou o sexto filho de sete irmãos. A minha família é católica, humilde, simples e alegre. Fui educado na fé católica.

Nasci muito robusto. Mas, desde muito cedo, fiquei gravemente doente. Os pais e irmãos esforçaram-se com muita alegria para me ajudar a superar o estado de doença. Consegui recuperar a minha robustez.

Vivi com a minha irmã mais velha, que ocupou um papel crucial na minha vida. Diria mesmo que foi para mim uma segunda mãe: a inserção na escola, na catequese, na vida… a ela a devo. Aos 6 anos começou a minha caminhada de fé. Aos 12 anos recebi o Batismo e depois outros sacramentos.

A partir dos 13 anos confrontei-me com dois grupos de amigos: uns, que não rezavam, mas gostavam de jogar à bola, foram para mim um problema, pois punham em causa o meu compromisso com a fé católica. Outros gostavam de ir à missa, ajudavam o padre e também gostavam de desporto.

Convidado por um amigo, entrei no grupo de acólitos. Lá comecei a fazer a experiência de ler a Bíblia todas as semanas e nasceu dentro de mim o desejo de servir o Senhor. Entre os acólitos conheci, também, o grupo vocacional. As atividades do grupo ajudaram-me a relativizar o futebol e a acolher Jesus no coração.

Em janeiro de 2012, já com 17 anos, decidi fazer uma experiência para descobrir a vontade de Deus sobre mim. Comecei assim a conhecer com profundidade, a vida de Jesus. No grupo conheci a vida de Dom Bosco. Descobri que Dom Bosco era um homem pobre, mas rico em qualidades humanas e espiritual para os jovens pobres. Senti-me comovido com a vida de Dom Bosco, que se parecia com a de Jesus, que amava a todos e a todos queria o bem.

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Renovação da profissão religiosa do salesiano Celso Francisco no dia 31 de janeiro de 2023

Há seis anos nesta mesma data, decidi, seguir Jesus mais de perto, entregar a minha vida por Jesus, como Dom Bosco fez, colocando-me ao serviço dos Jovens, mais necessitados e pobres. Tornei-me salesiano.

Nos meus poucos anos de Salesiano, estive com Jovens universitários, desamparados, sem-abrigo; visitei aldeias e famílias pobres. Nos momentos em que visitávamos as famílias, um dia alguém nos pediu que entrássemos na sua casa porque precisava de oração. Para surpresa minha, encontrei uma panela de água no fogo, sem alimentos para cozinhar. Naquela ocasião o que mais me marcou foi o sorriso sereno no rosto daquela senhora, veio-me em mente está frase: “bem-aventurados os pobres… porque deles é o reino dos céus”.

Estas e outras experiências, marcaram e continuam a marcar profundamente a minha vida como salesiano. Depois de seis anos, como salesiano, descobri que Deus me chama, dia a dia, para o servir mais de perto, para continuar a dar de graça o que de graça recebi, ao serviço dos jovens. Daqui a minha entrega missionária.

Hoje (31-01-2023) decidi renovar a minha amizade com Jesus e com Dom Bosco, para dizer que quero continuar a viver obediente a Deus e ao Superior, pobre com os pobres, casto para amar, continuando a testemunhar o Amor de Deus na missão salesiana.

Alegrai-vos comigo porque estou a celebrar um sonho feito vida. Deus usou São João Bosco para ser este instrumento de amor aos jovens. E eu quero segui-lo.

Uma das maneiras mais lindas de louvar é dizer OBRIGADO. Muito obrigado a Deus pelo Dom da sua presença em mim e da sua primazia amorosa. Muito obrigado a Deus pela linda família que me viu nascer e crescer. Muito obrigado a Deus pelos meus irmãos salesianos que me mostram o brilho do amor fraterno. Dizia Dom Bosco, “no meio de vós é que eu me sinto bem”. Muito obrigado a toda família salesiana, a toda comunidade educativa. A vossa amizade é para mim o presente mais precioso que tenho recebido de Deus durante estes anos que estou cá. Muito obrigado pela vossa amizade, por me ensinarem a ser pessoa e a agir como pessoa.

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Continuemos a rezar uns pelos outros, porque Jesus continua a bater à nossa porta no rosto do irmão, no rosto do vizinho, no rosto de quem vive junto de nós. Pela oração podemos tornar-nos próximos de quem está longe e sofre.

Viva Jesus, Viva Dom Bosco e Viva o Carisma Salesiano.

Estoril, 31 de janeiro de 2023

Celso António Francisco, sdb

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