Eternamente ausentes e presentes: Feridas

Editorial do Boletim Salesiano n.º 565 de Novembro/Dezembro de 2017

O mês de novembro acentua a saudade que temos, todo o ano, daqueles que nos precederam. São feridas abertas que jamais se curam, e que os mantêm em nós eternamente ausentes e presentes. Vidas que marcaram e moldaram a nossa vida pela positiva. O que somos hoje manifesta bem a sua influência, o seu exemplo, a sua dedicação.

E a nossa gratidão para com eles demonstra-se em tantos pensamentos, gestos e orações… Mesmo assim, o maior tributo será, julgo eu, ver-se produzir em nós os frutos do tanto que nos doaram: o dia-a-dia vivido na alegria, rumo à santidade de vida que valoriza ao máximo as nossas potencialidades e nos leva a gastarmo-nos por amor. Nada, mais do que isso, os pode alegrar eternamente!

Dom Bosco desejava o Céu para ele e para os seus jovens. Uma das suas últimas frases foi: “dizei aos meus jovens que os espero a todos no Paraíso!” E o lema escolhido por si por ocasião da ordenação sacerdotal “Da Mihi Animas, Coetera Tolle” (Gn 14, 21) – Dá-me as pessoas, e fica tu com os bens – também reflete isso mesmo, e acabou por tornar-se a missão carismática salesiana, o programa da nossa vida: “Ser na Igreja sinais e portadores do amor de Deus aos jovens, especialmente aos mais pobres”, em tudo procurar unicamente a salvação da juventude.

O amor verdadeiro é fecundo, comunica vida, gera santidade. É assim que o educador se santifica, participando do processo de santificação das suas crianças e jovens. Recordo frequentemente com gosto a exclamação de um jovem pai, que eu tinha conhecido como adolescente traquina durante o tempo que frequentou o centro juvenil: “A minha filha (ainda bebé) faz de mim uma pessoa melhor!”

Pensei eu: exatamente como deve acontecer comigo, e com cada um dos membros da Família Salesiana: é na sensibilidade, na aceitação, no acompanhamento e na dedicação sem limites aos jovens, especialmente aos mais pobres, que se dá a nossa transformação, que marcamos e somos marcados para sempre. Ou como diz o Pe. Ángel Artime, Reitor-Mor dos Salesianos: “são os jovens pobres que nos salvam”.

Não tenhamos medo de sofrer feridas de amor, como as de Cristo na cruz redentora, pois delas jorra a vida em abundância, pela qual todos nós somos bem-aventurados!

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