Em tempos novos de sinodalidade

Em tempos novos de sinodalidade

Editorial do Boletim Salesiano n.º 601 de janeiro/fevereiro de 2024

São sempre novos os tempos que vivemos. A novidade, a frescura e o desejo de responder aos “sinais dos tempos”, renovam-se com a dinâmica de “sinodalidade” introduzida pelo Papa Francisco.

Atento ao que acontece à sua volta, o Papa responde com a renovação da Igreja, num espírito são de abertura, de compreensão e de resposta com uma nova eclesialidade. No seu agir, na sua forma de nos ajudar a ser Igreja, o Papa revoluciona.

Ficamos a conhecer na JMJ, uma vez mais, o que significa uma Igreja que se quer aberta a “todos, todos, todos”. Citado até à exaustão, nem todos dão significado a este significante de esperança. Para fazer compreender o que isso quer dizer, não basta o voluntarismo básico da expressão: é preciso descer, em profundidade, ao que significa a “catolicidade” de uma Igreja que se quer “universal”, que “compreende” ou “é comum a todos”. Nada de extrinsecamente novo. Mas intrinsecamente cheio de conteúdo inovador.

Unindo este princípio ao critério de universalidade, podemos, então, compreender, com mais sentido, o que a primeira parte do Sínodo nos quis dizer. Mulheres e leigos, diaconado, ministério e magistério, paz e meio ambiente, pobres e migrantes, ecumenismo e identidade, novas linguagens e estruturas renovadas, compromisso dos crentes com a política e o bem comum, antigas e novas missões (também digitais), formação, discernimento eclesial, organismos de participação: foram temas abordados com perspetiva eclesial e contemporânea.

A par das temáticas, uma metodologia que introduz uma nova forma de ser Igreja: ouvir. E ouvir a todos. Dos primeiros aos últimos (os últimos com mais razão, porque primeiros). Mas mais que ouvir, escutar. Dar voz. Fazer participar. Arriscar vencer o caminho do “sempre foi assim”. Sem temer um afastamento da tradição (com minúscula, note-se), sem recorrer a artificialismos na procura da articulação entre comunhão, missão e participação. Deixando que tudo isto não seja uma “moda”, mas o “modo” de ser Igreja (assim diz Octávio Carmo, Ecclesia). Começando pelos Bispos e toda a hierarquia. Mas indo, sem medo, mais longe, ao longe de todo e de cada fiel. Ao nós, ao aqui e agora, valorizando as diferenças e desenvolvendo o envolvimento ativo de todos na Igreja-comunhão, com sinodalidade e vida para todos.

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Aguardamos, com esperança, a segunda parte. Até lá, enchamo-nos do bom entusiasmo renovador que a Igreja que somos, coloca em ato, com “vivas!” a quem deu o “tiro de partida” a um processo renovador que não pode voltar atrás.

Fotografia Tobias Mrzyk

Publicado no Boletim Salesiano n.º 601 de janeiro/fevereiro de 2024

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