Durante a Semana das Artes, a escola dos Salesianos de Lisboa transformou-se em palco, galeria e espaço de pensamento. De 5 a 9 de maio, os diferentes ciclos de ensino apresentaram uma programação rica e diversificada, onde a criatividade dos alunos ganhou forma através da cor, da palavra, do objeto e da instalação.
Das salas aos corredores, dos pórticos ao espaço exterior, da Casa das Artes aos espaços comuns, cada proposta revelou um olhar único — mas todas partilharam o mesmo impulso: criar. Provavelmente o maior capital que temos e que nos diferencia em qualquer uma das áreas – a criatividade. Esse diamante por lapidar que inundou de cor e surpresa a nossa escola. Entrar na escola e ser recebido por um grande peixe dourado certamente representou o anúncio de um dia diferente.
Este momento marcante no calendário escolar só foi possível graças ao envolvimento, à paixão e à entrega de todos os alunos e dos professores do Departamento de Artes Visuais, que, nos vários ciclos, orientaram, desafiaram e inspiraram os alunos a dar corpo às suas ideias com rigor e liberdade criativa.







Cor, brilho, poesia, liberdade e viagem
Nos corredores e no pórtico do segundo ciclo, encontraram-se as verdadeiras jóias da coroa. Uma explosão de cor, brilho e imaginação deu vida a projetos extraordinários, possíveis graças ao entusiasmo, à curiosidade e à energia criativa dos alunos. Cada trabalho exposto refletiu não só o conhecimento construído em aula, mas também a alegria de aprender e a liberdade de imaginar. Foi um testemunho vibrante de como a escola pode ser um espaço vivo de descoberta e expressão.
O pórtico do terceiro ciclo acolheu duas exposições que desafiaram o olhar e o pensamento:
Em “Voo Interior”, os alunos do 9.º ano trabalharam sobre o conceito de liberdade e viagem. Neste voo simbólico, o que se elevou foi o “eu” — inquieto, expressivo, em permanente descoberta e que encheu de cor e movimento um pórtico já conhecido.
Em “Flores Que Falam”, os alunos do 8.º ano criaram um diálogo entre poesia e mundo. Sobre folhas de jornal — carregadas de ruído e notícias — flores e palavras surgiram como resposta sensível ao que os rodeia. Cada peça foi um gesto de escuta e de expressão.










Entre a Memória e a Matéria
Na Casa das Artes, os alunos do ensino secundário apresentaram a exposição “CASA-FORTE”, ocupando os dois pisos com trabalhos inspirados em artistas de referência como Bordalo Pinheiro, Rosa Ramalho, Almada Negreiros, Louise Nevelson e Anna Atkins. As obras criadas convocaram a memória, o objeto e o olhar contemporâneo, explorando a relação entre arte, identidade e quotidiano com profundidade e criatividade.
A “casa-forte” aqui não é apenas espaço físico, mas metáfora da criação como território protegido, lugar onde se guardam as ideias antes de ganharem forma e voarem para fora de uma casa com muitas janelas e portas abertas.
Paralelamente à exposição da Casa das Artes, a exposição “Tesouro”, inspirada no trabalho do artista de arte urbana Bordalo II, ocupou os espaços exteriores da escola com esculturas de grande dimensão e impacto visual. Peixe, tartaruga, coruja, joaninha, cavalo-marinho, pinguim, coração, coral — cada peça representou um fragmento de um tesouro simbólico que, impelido pela curiosidade do mundo, abandonou a sua casa-forte para se revelar.
A distribuição das esculturas — com a coruja junto a uma das entradas da escola, o peixe atravessado por uma árvore e a tartaruga noutra entrada — criou um percurso de descoberta que desafiou o olhar quotidiano. Com cores vibrantes e escala marcante, as peças fizeram da escola uma galeria ao ar livre e lembraram a todos o papel da arte na defesa do planeta e na valorização da vida natural. A Semana das Artes foi mais do que uma celebração do talento. Foi a confirmação da arte como linguagem transversal, capaz de gerar pensamento, provocar emoções e abrir caminhos para a mudança. Foi, acima de tudo, uma afirmação da escola como lugar de criação, comunidade e expressão — graças ao trabalho incansável dos alunos e à dedicação inspiradora dos professores.












Fotografia: João Ramalho