O Ano Santo Jubilar é, por excelência, um tempo de graça, reconciliação e renovação. Têm especial relevância os jovens. É impossível ignorar as dificuldades que a juventude enfrenta. A crise de saúde mental, a solidão, o desemprego, as guerras, as alterações climáticas, e até o desinteresse generalizado pela fé são marcas da realidade atual.
Muitos jovens sentem que andam “à deriva”, sem bússola, num mar de possibilidades que mais confunde do que orienta. A Igreja precisa de escutar, acolher, caminhar com os jovens, pois continuam a ter sede de absoluto, de verdade, de encontro.
Vivemos num mundo globalizado, onde tudo parece estar ao alcance de um clique. Porém, os jovens têm mostrado que sabem usar estas ferramentas com criatividade e propósito. A globalização também aproxima, inspira, desperta consciências e constrói redes de solidariedade.
Este Jubileu é uma oportunidade para dizer: o mundo precisa dos vossos sonhos. Precisa de jovens que cruzem fronteiras, que anunciem a paz, que tragam ao mundo a luz do Evangelho – seja através da arte, da ciência, do voluntariado, da política ou do simples testemunho da amizade e do bem.
É neste ponto que o estilo educativo dos Salesianos se revela uma mais-valia preciosa. O método preventivo de S. João Bosco, não parte do medo ou da punição, mas do amor, da razão e da fé. Dom Bosco acreditava profundamente que “em cada jovem há um ponto acessível ao bem”. A sua pedagogia é atual porque parte da confiança no jovem, valorizando a proximidade, a escuta ativa e a criação de ambientes educativos positivos, onde cada um pode crescer, aprender e descobrir o seu lugar no mundo.
O saudoso Papa Francisco desafiou os jovens a não serem “jubilados antes do tempo”, dizendo-lhes que eles são protagonistas do presente, não apenas promessa futura.
Num mundo com tantas vozes a dizer “não dá”, “não consegues”, “não vale a pena”, o Jubileu dos Jovens – vivido com o coração salesiano – diz: sim, é possível! É possível viver com alegria, acreditar num mundo melhor, e ser sinal do amor de Deus onde quer que estejas.
Inspirados pelo espírito de Dom Bosco, sejamos educadores, pais, animadores e comunidades que acreditam nos jovens, que os ajudam a levantar-se, que os desafiam a sonhar – com os pés no chão e o coração em Deus. Porque, como dizia Dom Bosco: “Basta que sejais jovens, para que eu vos ame”.
* Diretor Pedagógico dos Salesianos do Funchal
Ilustração: Sónia Borges
Publicado no Boletim Salesiano n.º 610 de julho/agosto de 2025
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