José D’Encarnação: “A minha vocação era ensinar os outros”

A revista bimestral História, do Jornal de Notícias, publicou na edição de abril uma entrevista de 16 páginas a José d’Encarnação.

José d’Encarnação é historiador, “nome maior da epigrafia em Portugal”, professor na Universidade de Coimbra, jornalista, antigo aluno salesiano e antigo professor nas Escolas Salesianas do Estoril e de Izeda, em Bragança.

A entrevista flui com naturalidade entre a infância e a vida adulta, entre S. Brás de Alportel, terra natal, Cascais e Coimbra, e em várias passagens é abordada a sua ligação aos salesianos e a sua vocação de professor.

“Eu comecei a ser professor aos oito anos de idade, porque a minha professora da terceira classe pediu-me que preparasse um adulto para o exame da quarta classe. Assim fiz, e ele passou. Ainda hoje é vivo! Tem noventa e tal anos e ainda se recorda perfeitamente de eu o ter preparado”. “Francamente, foi sempre o que eu gostei de fazer, com a grande vantagem de me pagarem para isso. Acredito que a minha vocação era precisamente essa, a de ensinar os outros”, conta.

Ao longo da entrevista recorda os oito anos em que foi professor na escola salesiana do Estoril, professor da Universidade de Coimbra, onde teve a seu cargo as cadeiras de Epigrafia no currículo da então nova licenciatura em Arqueologia, e a “curiosa” experiência de professor na Escola Profissional de Santo António, em Izeda.

“A escola era dos salesianos, e eu estava lá como salesiano. Foi uma experiência muito interessante, porque era de corrécios. Era uma escola de correção. Ser professor de uma escola de correção, eu que tinha 18 anos, em 1963-64, e ser responsável pelos médios, por aqueles dos 12 aos 15, aquela idade gira de pôr no armário… Partilhava a camarata com eles e tudo foi extraordinário. Um aluno, por exemplo, volta-se para mim, a dada altura, e diz: ‘Eu nunca tive respeito à minha mãe nem ao meu pai, agora ia ter respeito a si?’ Mas levava-os a passeio todas as semanas, para fora do colégio, e nunca nenhum fugiu ou me faltou ao respeito. E eram corrécios. Para mim, foi realmente uma experiência muitíssimo curiosa”.

O professor lembra ainda a relação próxima de professores e alunos na escola salesiana. “Eu tenho os e-mails de uma catrefada de alunos, evidentemente. Não tenho mérito nenhum nisso, porque fui educado na escola salesiana. E os salesianos sempre tiveram uma ligação muito grande com os estudantes. […] Procurei imediatamente transpor o método da escola salesiana para Coimbra: a maneira de tratar com os alunos”.

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