Igreja: Afonso e Pedro Sousa, irmãos gémeos e antigos alunos salesianos, vão ser ordenados sacerdotes

“Percurso de crescimento e conhecimento da Igreja em família foi fundamental para decisão de entrada no Seminário”, escreve a Agência Ecclesia.

Afonso e Pedro Sousa são irmãos gémeos, vão ser ordenados padres no dia 3 de julho, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, depois de um percurso de quase 10 anos de formação no Patriarcado de Lisboa.

“O primeiro seminário foi a família”, assume à Agência Ecclesia Pedro Sousa, o primeiro dos irmãos a entrar nas atividades promovidas pelo Pré-Seminário, aos 14 anos.

“Tivemos muita conversa à mesa sobre a ida do Pedro para o seminário. Os pais diziam que com 14 anos havia ainda muito a viver, manifestando também a preocupação de haver muito a educar”, recorda Afonso Sousa, que entrou no Seminário após um convite pessoal, um ano após o irmão.

Em criança, Pedro Sousa dizia que queria ser padre e junto do irmão preparava missas em casa, como brincadeira.

“Sempre gostámos muito de brincar mas levávamos a sério as brincadeiras – se é para fazer, faz-se bem. Fazíamos arranjos de flores e, tendo um pai ligado à parte técnica do som, nas nossas missas nunca faltava um microfone. Apostávamos e gastávamos muito tempo a preparar. Lembro-me que, em maio, fizemos um andor para a Nossa Senhora, com uma caixa de fruta virada ao contrário com uns pauzinhos para carregar”, recorda o diácono.

Afonso retrocede às “experiências paroquiais que imitavam”, como os “primeiros sinais de Deus a falar”.

“Nascemos numa família cristã, e sabemos que a família é a base para a construção da nossa Igreja doméstica. Ali temos a primeira Igreja. Eu e o Pedro aprendemos a rezar com os pais. As primeiras experiências de vida na Igreja, participar nas dinâmicas das Equipas de Nossa Senhora, onde os pais participavam, o ir à missa, o rezar à Nossa Senhora em família, as procissões do Corpo de Deus ou a procissão do Congresso da Nova Evangelização nas ruas de Lisboa, são experiências que nos marcam, são semente que os pais deixam que, na resposta ao Seminário, recordamos”, indica.

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Os dois gémeos vão celebrar a sua missa nova no dia 10, nos Salesianos de Manique, estabelecimento de ensino onde estudaram.

No percurso formativo que ambos fizeram, Pedro dá conta de renúncias no caminho que não significam apenas «nãos» e implicam «sins».

“Renunciamos em primeiro lugar a poder viver uma vida centrada em nós, o que é ótimo, porque ganhamos um sentido de vida maior e de plenitude. É um renunciar a ter o meu tempo e agenda, para ter os momentos da comunidade, o tempo da Igreja”, indica.

Afonso Sousa aponta o reconhecimento de um “bem maior nas suas vidas” e uma organização a partir de prioridades.

“As vivências podem manter-se, desde que percebamos qual a prioridade e o centro na vida. Isso só se consegue quando se reconhece o bem maior da nossa vida, no nosso caso é Jesus. É difícil para alguns perceberem que vou ser padre aos 24 anos. Questionam as coisas que vou deixar de viver, mas a verdade é que quando somos formados com profundidade e a querer a abertura, a nossa vida transforma-se. Hoje não somos o mesmo Afonso e Pedro. É possível hoje dizer que a nossa vida passa por aqui”, esclarece. “O facto de os padres não poderem casar equivale à graça de poder viver como Jesus, com amor que é para todos. É decisivo falar sobre isto porque é relacional e constrói-nos como pessoas; não podemos dizer que o padre perdeu a sua afetividade – ganhou-a de outra forma. Renunciamos a uma relação conjugal para nos entregarmos com disponibilidade à Igreja. Esta renúncia não é só um «não»; eu renuncio, mas digo «sim» a outras coisas”, acrescenta Pedro.

Fonte: Agência Ecclesia

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