Encontro Internacional do Boletim Salesiano: Pensar o futuro

Valdocco, em Turim, recebeu, de 21 a 26 de abril o Encontro Internacional do Boletim Salesiano, que reuniu mais de 60 diretores, responsáveis e encarregados daquele meio de comunicação.

Depois de quatro anos de paragem, devido a pandemia de COVID-19, os responsáveis mundiais do Boletim Salesiano voltaram a reunir-se para pensar o futuro deste meio de comunicação.

Com um programa intenso, que teve por base o tema “O Boletim Salesiano num mundo em mudança”, o encontro pretendeu ser um espaço de reflexão sobre como dar continuidade a uma das mais significativas criações de D. Bosco, o Boletim Salesiano.

O primeiro dia teve início com a apresentação de todos os participantes, seguidamente, Pe. Gildásio Mendes Conselheiro Geral para a Comunicação Social, deu as boas-vindas a todos. Fazendo um enquadramento do encontro Pe. Gildásio Mendes afirmou: “O Boletim Salesiano de hoje deve ser a expressão de uma revista que ativa uma rede. Deve ser um canal de informação mundial, uma revista para criar laços, para mostrar o bem que os salesianos fazem aos jovens pobres do mundo, para exprimir a força e a beleza do amor”.

“É muito importante para todos nós manter a sua dimensão carismática e colaborar com o Reitor-Mor, sucessor de Dom Bosco, para que o Boletim continue a ser um canal importante e significativo a serviço da missão salesiana”, concluiu o Conselheiro para a Comunicação Social.

Fazendo-se presente, e numa mensagem em vídeo, o Reitor-Mor da Congregação, Pe. Ángel Fernández Artime sublinhou “D. Bosco amava muito, muito mesmo, o Boletim Salesiano e chegou a editar quase todo o seu conteúdo. Ainda hoje, o Boletim Salesiano, o primogénito, o italiano, continua a ter a proteção e até o cuidado direto do Reitor-Mor, por isso estou feliz por esta oportunidade de vos encontrar reunidos para continuar a refletir e a aprofundar esta realidade do Boletim Salesiano”.

Os participantes foram, então, convidados a refletir sobre “A dimensão carismática do Boletim Salesiano. Pe. Stefano Martoglio, vigário do Reitor-Mor, foi o orador da primeira conferência.

Pe. Martoglio começou por sublinhar que o Boletim Salesiano é “um ministério pastoral”, reforçando que todos os presentes foram brindados com uma “bela vocação”. “O Senhor deu-vos a vocação de escrever, de sintetizar”, referiu.

Para o Pe. Stefano Martoglio não é possível compreender uma obra salesiana sem um Boletim Salesiano, isto porque, e tal como referiu, o Boletim Salesiano “exprime o coração da Congregação e a palavra do Reitor-Mor”.

Todos os conteúdos do BS são criados segundo a “lente salesiana”, assim, e segundo a opinião do vigário do Reitor-Mor, os conteúdos mais importantes do Boletim Salesiano são “as palavras do Reitor-Mor e as palavras para o Reitor-Mor”.

A tarde do primeiro dia foi dedicada a conhecer os lugares de D. Bosco, na cidade de Turim. São diversos locais na cidade que, por uma ou outra questão, estão ligados à história do fundador dos Salesianos. Destaque para a Basílica da Consolata, onde D. Bosco rezou depois da morte de Mãe Margarida ou para a Igreja de São Francisco de Assis, local onde D. Bosco encontrou Bartolomeu Garelli. Neste local nasceu o primeiro Oratório e foi ali que D. Bosco começou a ensinar “o caminho do Céu” aos seus jovens.

O dia terminou com uma missa celebrada na Capela de São Francisco de Sales, o primeiro local de oração construído por D. Bosco, em Valdocco.

Leia também  Índia: "Harmony Foundation" atribui Prémio Madre Teresa ao Pe. Tom Uzhunnalil
Segundo dia: “A dimensão salesiana e profissional do Boletim Salesiano”

O segundo dia do Encontro Internacional do Boletim Salesiano teve início com uma missa, com a comunidade, na Basílica de Maria Auxiliadora, em Valdocco.

Os trabalhos recomeçaram com uma apresentação feita pelo Pe. Gildásio Mendes dos elementos do setor da Comunicação Social, responsáveis pelas diferentes regiões.

O Pe. Giuseppe Costa, coporta-voz da Congregação Salesiana, com um passado ligado ao Boletim Salesiano italiano, onde desempenhou as funções de diretor, e uma vida sempre vinculada ao mundo do jornalismo, foi o orador principal da manhã.

O Pe. Giuseppe Costa começou por destacar que o Boletim Salesiano sempre “contou histórias”, dando uma “visão salesiana do mundo” e, por outro lado, dando ao mundo “uma visão salesiana”.

Na opinião do orador, existe uma ligação importante entre os editores e os jornalistas do BS com os seus leitores: “terminar com o BS seria um erro sem informação”, concluiu.

Para o Pe. Giuseppe Costa, “não há jornalismo se não há uma correspondência entre quem escreve e sobre quem lê”, por isso, e na sua opinião, “é necessário cuidar o salvar os Boletins impressos”.

Para o orador, os principais desafios que o Boletim Salesianos enfrenta são as novas tecnologias, a sustentabilidade económica, o conteúdo jornalístico profissional, a qualidade e a criatividade, entre outros.

Seguiram-se três apresentações, originárias de três continentes: Christoph Sachs, da Europa, apresentou a sua visão de como “o BS pode chegar às pessoas das sociedades cada vez mais secularizadas; Clarence Watts, SDB, em representação de África, explorou “Como o BS pode ser um instrumento em favor da paz e da solidariedade; Bobby Kannazhath, da Ásia, aprofundou o assunto da “transmissão do espírito salesiano, através do BS, em contextos de diversidade cultural e religiosa”.

Durante a tarde, os participantes tiveram oportunidade de visitar a Basílica de Maria Auxiliadora, construída entre 1863 e 1968. Este local é hoje o coração espiritual da Família Salesiana de todo o mundo. Para D. Bosco, a arte e a arquitetura sempre estiveram ao serviço da educação e da evangelização, assim, a Basílica apresenta diversos tesouros, no que à arte diz respeito.

Guardando os restos mortais de D. Bosco, a Basílica conta também com um altar dedicado a São Domingos Sávio, para além de várias relíquias de Santos e Santas salesianos. A Basílica é assim a resposta de D. Bosco a um pedido feito por Nossa Senhora Auxiliadora.

A tarde continuou com a visita ao “Museu Casa D. Bosco”, um local tão desejado pelo Reitor-Mor, Pe. Ángel Fernández Artime. Este espaço é guardião e promotor do património cultural e espiritual da Família Salesiana, cumprindo também a dimensão de serviço e de divulgação da arte na região.

Com salas dedicadas às figuras mais significativas da missão educativa salesiana, aos grupos da Família Salesiana, bem como aos Santos e Beatos de referência, no museu é também possível conhecer o quarto de D. Bosco, onde se iniciaram tantos sonhos.

Seguiu-se uma partilha entre os participantes das diferentes regiões, com o objetivo de pensar sobre o presente e o futuro do Boletim Salesiano.

Este segundo dia terminou com a apresentação do livro “Dom Bosco e a realidade digital”, da autoria do Pe. Gildásio Mendes. Estiveram presentes no evento, o Pe. Ivo Coelho, Conselheiro Geral para a Formação; Jean Paul Muller, Ecónomo Geral; e o Pe. Joan Lluis Playà, Delegado Central do Reitor-Mor para o Secretariado da Família Salesiana; bem como Margherita Ferro e Fabrizio Emigli, que fizeram respetivamente a revisão do texto e a criação da capa.

Leia também  Viagem à Tailândia e Japão: Papa pede diálogo entre religiões, direitos humanos e abolição das armas nucleares

O livro expõe as possíveis novas metodologias evangelizadoras e de comunicação, fazendo uma reflexão sobre como estas devem ser adaptadas a esta nova era.

Terceiro dia: um mundo em mudança

No terceiro dia foram abordadas diferentes temáticas.

Flavia Trupia, profissional da comunicação, com formação em retórica, começou a sua apresentação descrevendo a importância de construir e desenvolver a “marca” Boletim Salesiano. “Boletim Salesiano é uma marca, é uma carta de identidade da Família Salesiana no mundo”, afirmou a oradora.

Apresentado diversos elementos que podem ser usados para desenvolver o Boletim Salesiano como uma marca única, Flavia Trupia afirmou que a clareza, a distinção e a relevância são características a ter em conta.

Falando de cross-media, a oradora apresentou, também, algumas ideias para construir o Boletim Salesiano como uma grande marca. Quanto à identidade visual, Flavia Trupia destacou a importância de haver uma adaptação “aos tempos”.

A oradora concluiu o seu discurso dizendo que a comunicação está em constante mudança e que é necessário evoluir, constantemente, sem comprometer a “identidade carismática”.

Depois desta apresentação seguiu-se uma “mesa-redonda”, subordinada ao tema “Boletim Salesiano num mundo em mudança”, composta pelo Pe. Gildásio Mendes, Flavia Trupia e Luca Priulli, responsável da editora Elledici.

A tarde teve início com a apresentação dos trabalhos desenvolvidos, no dia anterior, pelos participantes das diferentes regiões. Destaque para a distinção da ideologia salesiana como um dos pontos fortes do Boletim Salesiano.

Jean Paul Muller, Ecónomo Geral da Congregação, foi o último orador do dia, e fez uma apresentação subordinada ao tema “Comunicar hoje com identidade salesiana, credibilidade e visibilidade numa sociedade em transformação.

O ecónomo destacou a importância do Boletim Salesiano como “parte da estratégia da Congregação”. Apresentando temas atuais, o orador apresentou muitos insights sobre como o Boletim Salesiano deve comunicar hoje e os desafios que enfrenta.

Descrevendo o BS como “uma revista institucional, porta-voz e indicador do desenvolvimento da Congregação Salesiana”, o orador reconheceu que a revista tem uma função de advocacy para garantir e defender os direitos dos jovens. Na opinião de Muller há uma agressão crescente contra os jovens e os salesianos devem “defendê-los”.

Quanto aos desafios, o orador acredita que este devem ser vividos “como Congregação e Família Salesiana”.

“Com o advento da realidade virtual, nosso futuro será muito diferente e teremos os nossos próprios assistentes pessoais”, concluiu o orador.

O ecónomo acredita que a Inteligência Artificial é o motor central da transformação digital e está já a ser usada em muitas das nossas atividades.

Quarto dia: no centro do sonho

No quarto dia os participantes puderam mergulhar no epicentro da Congregação, com visitas guiadas a Chieri e a Becchi. Estes foram momentos importantes onde foi possível descobrir, um pouco mais, sobre a vida de D. Bosco, o início da sua vida sacerdotal, bem como todas as dificuldades que teve de enfrentar para levar avante o sonho que, com nove anos, teve. Os participantes puderam ainda participar na Eucaristia que teve lugar na Basílica de São João Bosco, no Colle Don Bosco.

Artigos Relacionados