Na última sexta-feira, 13 de junho, o Papa Leão XIV presidiu ao Consistório Ordinário Público para o voto das canonizações de nove Beatos. Entre eles estão a Filha de Maria Auxiliadora, Irmã Maria Troncatti, missionária no Equador, e Pier Giorgio Frassati, jovem fruto do Sistema Preventivo Salesiano.
Até ao final do ano, Leão XIV vai canonizar nove beatos. O anúncio foi feito no final do Consistório: no mês de setembro, dia 7, serão canonizados os dois jovens Pier Giorgio Frassati e Carlo Acutis; no mês de outubro, dia 19, será canonizada a Irmã Maria Troncatti, juntamente com seis outros beatos. Com a religiosa salesiana serão canonizados os beatos Ignazio Choukrallah Maloyan, Peter To Rot, Vincenza Maria Poloni, Maria del Monte Carmelo Rendiles Martínez, José Gregorio Hernández Cisneros e Bartolo Longo.
Ir. Maria Troncatti, missionária, “mãe”, catequista e enfermeira
A Irmã Maria Troncatti (1883-1969), Filha de Maria Auxiliadora, nasceu em Corteno Golgi, na província de Brescia, Itália, numa família de agricultores. Foi missionária no Equador, onde chegou em 1922 aos 39 anos, primeiro em Chunchi e, três anos depois, em Macas.
Nos 47 anos de vida missionária, a religiosa salesiana marcou as pessoas à sua volta: foi “mãe”, catequista e enfermeira junto das tribos Shuar e das comunidades imigrantes, trabalhou na promoção e na formação das mulheres. Ainda em Itália, formou-se em enfermagem durante a primeira guerra mundial, e, no Equador, no terreno, fez de uma pequena clínica um hospital, onde formou outras enfermeiras. Viveu no meio da tensão entre nativos e estrangeiros, e entre eles cultivou o diálogo e o perdão.
Após o anúncio, a Superiora das FMA, Irmã Chiara Cazzuola, numa mensagem vídeo publicada no Youtube, revelou a alegria e a gratidão pelo momento histórico para a Igreja e para as FMA. “É Mãe incansável no seu serviço aos pobres, aos pequenos, aos doentes e sem confiança, tanto aos seus queridos Shuar quanto aos colonos. Doa-se com ternura e amor à humanidade ferida, testemunhando, especialmente na selva equatoriana, o amor do Pai por todos os seus filhos. Por isso, é carinhosamente chamada madrecita”, recorda a Ir. Chiara.
Morreu aos 86 anos, num acidente aéreo.
O Instituto das FMA criou o site www.mariatroncatti.org, com a biografia, fotos, textos, subsídios multimédia, notícias e todo o material de aprofundamento e de divulgação para tornar mais conhecida a figura da Irmã Maria Troncatti.
Pier Giorgio Frassati, fruto do Sistema Preventivo
Para a Congregação Salesiana, Pier Giorgio Frassati (1901-1925) é um exemplo do que a educação salesiana é capaz de fazer surgir no coração dos jovens. Filho do fundador do jornal La Stampa de Turim, e, mais tarde, embaixador de Itália em Berlim, e de uma artista plástica, Pier Giorgio foi um modelo de caridade. Cem anos após a sua morte, o jovem natural de Turim, Itália, vai passar a constar no Registo dos Santos. Foi patrono da Jornada Mundial da Juventude de Lisboa 2023.
É através da influência de um tutor salesiano, o sacerdote Pe. Antonio Cojazzi, que o acompanha nos estudos, que Pier Giorgio descobre uma nova realidade. “Justamente nesse período, Pier Giorgio entra em contacto com os problemas sociais: a rápida e caótica industrialização, a migração interna, a incerteza económica e a pobreza de tantas famílias”, refere o Pe. Pascual Chávez, numa nota biográfica sobre o futuro santo.
A primeira biografia de Frassati foi escrita pelo próprio Padre Cojazzi, livro que influenciou o despertar para a fé e a caridade em muitos jovens.
Envolveu-se no trabalho caritativo nas Conferências de São Vicente, estuda numa escola pública e no colégio jesuíta “Istituto Sociale”, aprofunda as leituras de São Paulo e Santo Agostinho. Nas visitas às famílias necessitadas, leva ajudas e distribui a sua mesada.
Escolhe o curso de Engenharia de Minas para se dedicar aos trabalhadores mais humildes e menos qualificados, os mineiros. Integra a Ação Católica Universitária em 1919. Em 1922 ingressou na Ordem Terceira Dominicana. Também se envolveu politicamente.
Morre com apenas 24 anos, vítima de uma poliomielite fulminante. Na biografia publicada pelo Dicastério das Causas dos Santos pode ler-se que o seu testemunho cristão só foi conhecido pela família após a sua morte, quando amigos e muitos daqueles que ajudou compareceram no seu funeral.
