Pe. Serafino Chiesa, sdb: Nas montanhas da Bolívia

É natural do Piemonte, o sexto de dez filhos. Tem um irmão sacerdote e uma irmã Filha de Maria Auxiliadora. Partiu para a missão de Kami, nas montanhas da Bolívia, a 2 de janeiro de 1985.

Destino: Kami, uma pequena aldeia na cordilheira andina a mais de 3.900 metros de altitude. Passar de Santa Cruz, que se encontra a 400 metros acima do nível do mar, para Cochabamba que está a 2.600 metros e por fim para Kami, a 3.900 metros, é um choque físico. Dores de cabeça, dores de estômago, ritmo cardíaco acelerado… em poucas palavras, mal-estar.

Até Cochabamba viajamos de avião, onde nos vem buscar o padre salesiano Serafino Chiesa com o seu Toyota Land Rover. Depois percorremos em cinco horas a estrada até Kami. Metade da viagem é feita pelo areal de um rio, seguindo o seu percurso… parece um Camel Trophy com o bom padre Serafino a guiar entre seixos, buracos, e o rio a vadear, voltas e mais voltas. Saídos do areal do rio, começamos mais duas largas horas de subida numa estrada de terra que trepa pelos flancos de montanhas altíssimas e áridas. Não há qualquer proteção na berma da estrada e o precipício contínuo chega a atingir 500 ou 600 metros de altura, ora do lado direito ora do esquerdo. Mete medo.

Finalmente, chegamos a Kami cansados e esgotados, mas contentes por chegar à meta da nossa viagem na Bolívia. Os missionários salesianos provenientes do Piemonte chegaram a Kami em 1974 e deram início a uma obra salesiana de tipo paroquial entre os habitantes destas terras altas que em grande parte são mineiros, sobretudo no centro de Kami, mas que nas numerosas comunidades dispersas pelas montanhas vizinhas, são camponeses.

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O padre Serafino Chiesa é uma força da natureza. É natural do Piemonte, de Santo Stefano Roero, na província de Cuneo. Deixou o oratório salesiano de Turim-Agnelli em 1985. Dos três anos de missão previstos inicialmente já passaram mais 31. O Pe. Chiesa explica apenas que Kami não pode ser abandonado.

Com uma espessa barba branca de Pai Natal e um olhar franco e inteligente, usando sempre na cabeça um barrete de lã típico das populações andinas. Num misto entre Dom Bosco e Rambo ou, se preferirem, Indiana Jones, este padre salesiano dedicou toda a sua vida aos pobres e aos jovens desta terra maravilhosa, mas tão difícil e isolada. Passa com naturalidade da celebração da Eucaristia à condução de uma escavadora ou do camião. De falar dos problemas educativos dos jovens ao que é preciso fazer para reparar um motor elétrico. É um ótimo criador de porcos e produtor de presunto e de salame de excelente qualidade, que vende nos supermercados de Cochabamba. Percebe de minas e de agricultura de altitude. Eletrificou toda a zona fornecendo energia elétrica, graças a uma central hidroelétrica que construiu e que está a expandir. A energia que vende à rede vai servir para financiar as atividades educativas de Kami e de outras obras salesianas pobres da Bolívia.

Neste ambiente tão difícil, os quatro salesianos da comunidade de Kami animam a vida cristã num vaivém contínuo de uma comunidade para outra por estradas perigosas. Além disso, gerem também um internato colegial com 50 rapazes provenientes das comunidades mais distantes. Iniciaram cursos de formação profissional complementares do percurso escolar da escola secundária, oferecendo deste modo aos jovens dos quatro anos finais das superiores, dos 14 aos 18 anos, a possibilidade de obter uma qualificação profissional.

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 Aqui, onde quer que cheguem os salesianos, as pessoas cumprimentam cordialmente e aproximam-se deles para pedir alguma coisa. Umas vezes só para um desabafo e uma palavra de conforto, outras vezes vêm ter com o padre Serafino para que conserte o compressor ou a bomba hidráulica que não funcionam. 

Fotografias: Ester Negro
Texto adaptado de Boletim Salesiano Itália/Missioni Don Bosco
Publicado no Boletim Salesiano nº 575 de Julho/Agosto de 2019

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