Pe. Amador Anjos Membro Honorário da Academia Portuguesa da História

O Padre Amador Anjos, salesiano, foi eleito por unanimidade Académico Honorário da Academia Portuguesa da História pela “sua incansável ação de investigador” e pela “qualidade exemplar da sua vasta obra publicada”. A entrega das insígnias foi feita pela Presidente da Academia numa cerimónia no final do mês de julho.

No dia 21 de julho a Presidente da Academia Portuguesa da História, Professora Doutora Manuela Mendonça, deslocou-se aos Salesianos de Manique para a cerimónia de entrega das Insígnias de Membro Honorário da Academia Portuguesa da História ao sacerdote salesiano Padre Amador Anjos, professor e historiador.

A homenagem partiu de um antigo aluno do Pe. Amador Anjos, Armando Alberto Martins, Professor aposentado do Departamento de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, que apresentou a proposta à Presidência e ao Conselho Académico da Academia. A proposta foi analisada e aprovada por unanimidade pela Academia no dia 10 de julho, reconhecendo o “autor de notável obra historiográfica especialmente sobre a ação educativa dos Salesianos em Portugal”.

Da esquerda para a direita: Prof. Dr. Horácio Peixeiro, Prof. Dr. Armando Martins, Pe. Amador Anjos, Prof.ª Dr.ª Manuela Mendonça e Prof. Dr. Fernando Taveira da Fonseca

O Pe. Amador Anjos nasceu no lugar de Fermentãos, freguesia de Sendas, no concelho de Bragança, a 25 de janeiro de 1919. Fez os estudos primários na terra natal, ingressou nos Salesianos de Poiares da Régua em 1932 e foi ordenado sacerdote, a 6 de julho de 1947, em Lisboa, pelo Cardeal D. Manuel Gonçalves Cerejeira. Serviu a Congregação durante décadas em diversas funções, educativas e pastorais, como Professor de Literatura Portuguesa e Filosofia, e tendo produzido paralelamente vários escritos sobre Literatura Portuguesa, religião, para além de várias obras de caráter histórico, com especial destaque para a história da presença salesiana no nosso País.

Dada a impossibilidade de o Pe. Amador estar presente na abertura do próximo ano académico, – quando, aos novos confrades vão ser entregues os diplomas e os colares, – a cerimónia teve lugar na Residência Artémides Zatti, nos Salesianos de Manique, onde o Pe. Amador Anjos reside desde 2007.

Acompanharam a Presidente da Academia Portuguesa da História outros académicos como Fernando Taveira da Fonseca, Horácio Peixeiro, José d’Encarnação e Armando Martins. Estiveram também presentes na sessão o bispo salesiano, D. Joaquim Mendes, auxiliar do Patriarcado de Lisboa, e vários membros da comunidade salesiana.

Porto de honra na comunidade da Residência Artémides Zatti dos Salesianos de Manique 

Investigador incansável

“A mais antiga Academia portuguesa, fica honrada por poder contá-lo entre os seus membros”, começou por afirmar Armando Martins, na intervenção que precedeu a entrega do Diploma e Colar. “A mim pesa-me que só agora, mea culpa, lhe seja feito este reconhecimento público de historiador, de grande historiador”, continuou. E lembrou: “a sua incansável ação de investigador e a qualidade exemplar da sua vasta obra publicada”. “É um dever de consciência e eu, seu antigo aluno e discípulo, grato, sinto-me feliz por ter contribuído para que tal pudesse ter lugar. O nome e a obra historiográfica do Padre Amador – citado e fazendo autoridade em numerosas teses de Mestrado e Doutoramento das nossas Universidades – há muito que se tornou de consulta obrigatória em qualquer trabalho científico sério sobre história da educação e dos religiosos em Portugal. Faltava a Academia reconhecer-lhe essa altíssima qualidade. É, pois, por imperativo de justiça ao seu mérito, que ela agora o faz. O seu nome e o nome salesiano ficam bem na galeria dos ilustres sacerdotes-historiadores, ao lado de um Padre Silva Rego, António Brásio, Félix Lopes ou Maurício Gomes dos Santos”.

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No agradecimento, o Pe. Amador Anjos manifestou a sua felicidade e honra pela “tão grande como inesperada distinção”. “Sinto-me muito feliz em receber os representantes da Academia Portuguesa da História aqui presentes, que tiveram a amabilidade de virem pessoalmente entregar-me as Insígnias de Membro Honorário da prestigiada Academia”, afirmou. “Atribuo a ideia e concretização à simpatia e amizade dos meus antigos alunos, alguns dos quais, aqui presentes, nomeadamente, Armando Martins, Fernando Taveira da Fonseca e Horácio Peixeiro”, e agradeceu à Direção da Academia Portuguesa da História a sua inclusão “entre os Confrades da Academia”.

Por fim, o Pe. José Aníbal Mendonça, Provincial dos Salesianos em Portugal, agradeceu à Academia a honrosa distinção que a todos sensibilizou.

Em Roma: Pe. Benedito Nunes, Pe. Luís Ricceri, 6.º Sucessor de Dom Bosco, Pe. Renato Ziggiotti, 5.º Sucessor de D. Bosco, e Pe. Amador Anjos
Pe. Amador junto aos edifícios da Universidade Pontifícia Salesiana, Roma

Historiador rigoroso e Professor culto

“O Pe. Amador Anjos é, com efeito, o grande historiador da Obra Salesiana em Portugal, desde a sua introdução no nosso País até à atualidade”, referiu Armando Martins no discurso de homenagem. “Incansável pesquisador – durante anos a fio fez aturadas pesquisas nos Arquivos Centrais da Congregação Salesiana em Roma e em Turim, nos Arquivos Provinciais e nos vários Arquivos locais das instituições dos Salesianos em Portugal. Soube consultar as crónicas das diversas casas, recolher e redigir artigos dispersos em revistas e jornais, analisou relatórios de visitadores, leu memórias e cartas e, com tudo isso, procedeu à elaboração de obras publicadas de avalisado historiador como se pode comprovar pela sua leitura”.

No processo de candidatura a Membro Honorário é sublinhado o seu permanente desejo de saber mais, a procura por aprofundar e atualizar os seus conhecimentos em matérias que lecionava. “Professor e autor culto pela vastidão e humanismo de conhecimentos, profundidade de análise, rigor, isenção e apurada sensibilidade, foi sempre marcado por profunda humildade intelectual. Dotado de espírito jovem, caraterizou-o uma constante abertura ao futuro, aos novos tempos em atitude quase erasmiana. Marcou-o ainda um permanente desejo de saber mais e a atitude socrático-cusana de que nada sabemos – sinais que soube transmitir a muitos dos seus alunos, que se tornaram seus discípulos. É, além disso, um homem de grande otimismo, vendo sempre o aspeto positivo das coisas, nunca se deixando levar pelo desânimo, mesmo nas mais adversas situações da vida”.

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“Profundo conhecedor da Literatura Portuguesa, curso que lecionou também durante vários anos, deixou escritos alguns trabalhos críticos e de fina interpretação neste domínio, como Significado dos Lusíadas (editado em 1958)”.

Para além do importante trabalho de redigir a história da presença salesiana em Portugal, o Pe. Amador contribuiu para “um melhor conhecimento do processo educativo em Portugal, da sociedade e do país em que vivemos”, reconheceu a Academia.

“Obrigado por nos ter ensinado a escrever a história, a boa história, a que certo autor medieval chamou candeia para o caminho na busca da verdade”, concluiu Armando Martins. 

OBRAS PUBLICADAS

Significado dos Lusíadas, 1958
A questão operária: resposta de Dom Bosco, 1961
Os Salesianos em Portugal (1894-1994), Lisboa, 1998
Os Salesianos no colégio de S. Caetano de Braga, Edições Salesianas, 2006
Oficinas de S. José – Os Salesianos em Lisboa, Lisboa, 1999
Centenário da Obra Salesiana em Portugal, Lisboa, 1995
Primeira presença dos Salesianos em Portugal, Lisboa, 2000
Nos Primórdios da Obra Salesiana em Portugal, 2007
Primeira Presença Salesiana em Timor: 1927-1929, 2007
O Dealbar da Obra Salesiana em Macau, 2007
Os Salesianos em Moçambique, por Amador Anjos e J. Adolfo Vieira, 2008

OBRA TRADUZIDA

Método educativo de S. João Bosco, de Pietro Braido, 1959

Publicado no Boletim Salesiano n.º 564 de Setembro/Outubro de 2017

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