Afinal Deus não era aquele enigma…

Eu sou o Manel, um rapaz de 14 anos. Estudo nos Salesianos de Lisboa. Escola católica na qual, eu dizia ter fé mas sem saber muito bem o que isso realmente é… Fé, Deus, Maria, Jesus, pai-nosso, ave-maria, missa…

Missa para mim era ouvir alguém a dizer coisas que eu não queria saber, ao que eu respondia sempre a mesma coisa, sempre igual. Por isso fazia os possíveis e os impossíveis para não ter de ir. E quando ia contrariado ainda pior. Ficava sentado com o relógio na mão a ver passar aquela hora perdida do meu domingo. Falava com muitos amigos da minha escola sobre isso e muitos pensavam semelhante.

Até que chegou o dia em que acordei. Como tudo e todos, chega uma altura em que crescemos e percebemos o que realmente é importante. Para mim nestes tempos era um telemóvel novo, uns óculos de sol de 100€, uma câmara de última geração, um mp3… Tudo bens materiais que nos fazem felizes mas de forma superficial. Uma felicidade que não muda a minha vida. Ao contrário de Deus.

Vou-vos contar como Deus ganhou importância na minha vida. Estávamos a dia 23 de junho de 2017 e nós (a minha família) tínhamos acabado de chegar de Cabo Verde onde fomos passar férias. Ao chegar a casa a minha mãe relembrou-me que no dia seguinte teria o acampamento MJS. Eu, muito cansado, disse que não ia e adormeci no sofá. No dia seguinte acordei com o meu pai a dizer que tinha tudo pronto para ir. E lá fui. Ao chegar ao autocarro, fomos logo convidados a rezar um pai-nosso para a viagem correr bem o que me levou logo a dizer: Para quê? Corre sempre bem. Isso não vai mudar nada. Se eu soubesse o que a minha vida ia mudar daqui para a frente ao conhecer realmente quem era Deus…

Leia também  Assembleia Nacional MJS debate papel dos jovens do MJS na sociedade

Logo no primeiro dia de acampamento eu comecei a ouvir falar muito de Deus e de Jesus. “Não tenhas medo, Deus protege. Quem não vive para servir não serve para viver. Faça-se em mim…” e muito mais. Mas isso também agradeço à organização. Em especial à Joana, minha animadora. Ela que fala muito bem e que nos fez pensar muito. Vou dar um exemplo: tínhamos terminado um jogo; a animadora tinha uma caixa na mão e disse: dentro desta caixa está um desafio muito difícil para vocês. É um desafio que devem cumprir até ao fim do acampamento. Alguém se voluntária?

Apenas 4 pessoas puseram o dedo no ar e uma foi escolhida aleatoriamente. Adivinhem o que estava dentro da caixa? Chocolate! Como é que é possível um ser humano ter medo de chocolate? Com esta atividade percebi que não é preciso ter medo pois Deus está connosco onde quer que estejamos.

Logo nesse dia houve uma missa e eu participei. Prestei atenção e ouvi o lindo Evangelho. Senti que, pela primeira vez, estava feliz. Afinal Deus não era aquele enigma… Deus vive no céu e olha por mim! Jesus é uma pessoa que deu a vida por nós. Por todos nós. Desde aquele que vive no lixo, ao que desperdiça comida. Jesus ama-nos a todos. Não é pela cor da minha pele, sotaque ou tamanho que Jesus me ama mais ou menos.

Jesus deu a vida por nós. Eras capaz de dar a tua vida por alguém?

Afinal rezar tinha um sentido: a felicidade.

Manuel Conceição


 A esperança das “coisas pequenas”…

A esperança é a virtude que nos faz ter os pés bem assentes no presente para termos capacidade de nos projetarmos para o futuro. Digamos que é a preparação do salto, e que faz com que o salto tenha sucesso.

Leia também  WYD Don Bosco 23: a caminho da Jornada Mundial da Juventude de Lisboa

A esperança abre-nos também à certeza de que o futuro tem sentido não só em si mesmo mas também pelo caminho que se percorre, e no qual caminha também Deus connosco.

Ao ler o texto do Manuel, fiquei tocado pelo caminho que ele está a percorrer. Talvez ele ainda não se tenha dado conta mas é um caminho de esperança.

A esperança manifestou-se para ele em coisas muito concretas e que fazem parte da vida de todos os dias: um pai que encoraja, uma oração distraída, uma animadora que incentiva, uma eucaristia que transforma. Realmente, para crescer na esperança não são precisas manifestações grandiosas mas a atenção a tudo o que na vida manifesta a presença de Deus.

Que consigamos aprender a fundar a nossa esperança na fidelidade de Deus que se manifesta nas “coisas pequenas” do dia-a-dia.

Obrigado Manuel pelo teu testemunho de fé. No entanto lembra-te que o caminho da fé tem altos e baixos e que só uma firme esperança de que Deus nos acompanha nos permite seguir com o mesmo entusiasmo.

Pe. Luís Almeida

Artigos Relacionados