De 17 a 28 de setembro tive a oportunidade de participar em Roma do encontro da comissão precapitular. Este grupo de trabalho, coordenado pelo regulador do 29.º Capítulo Geral, era constituído por um salesiano de cada uma das regiões da Congregação e refletia a diversidade cultural e geográfica em que se vive hoje o carisma salesiano.
A nossa tarefa era complexa. Ler as contribuições de todos os capítulos provinciais para elaborar uma síntese ordenada que servisse de ponto de partida para a reflexão que os capitulares farão a partir de meados de fevereiro, em Valdocco. O trabalho foi tão intenso quanto a fraternidade que se viveu. Analisar e confrontar opiniões de todos os cantos do mundo salesiano, e fazê-lo em equipa, juntamente com um brasileiro, um italiano, um alemão, um camaronês, um etíope, um indiano e um filipino, permite-nos ver até que ponto o carisma salesiano está enraizado em diferentes culturas.
Esta foi uma das lições aprendidas com esta experiência e uma das expetativas para o próximo Capítulo Geral: a inculturação do carisma é uma herança que recebemos desde a primeira expansão salesiana no tempo de Dom Bosco e Dom Rua, mas ao mesmo tempo é um tesouro que devemos continuar a cuidar com esmero para sermos fiéis ao carisma pedagógico e espiritual que o Espírito Santo despertou em Dom Bosco.
A Congregação encontra-se num momento em que precisa de saber ler os sinais dos tempos para enfrentar os desafios do futuro num mundo complexo, razão pela qual o terceiro núcleo deste Capítulo Geral se debruça sobre a nossa organização interna para sermos fiéis à missão. As estruturas devem ser adaptadas à vida num contexto cultural e vocacional que não é homogéneo nas várias regiões da Congregação. É um desafio importante que temos de enfrentar a partir da unidade carismática e da força que nos dá o sentido enraizado de pertença à Congregação e o espírito de família.
Os dois primeiros núcleos levam-nos a refletir, a partir de perspetivas muito diferentes, sobre uma única realidade essencial: para além das estruturas visíveis e das modalidades de realização da missão salesiana, deve existir uma profunda convicção vocacional, pessoal e comunitária: o desejo quotidiano renovado de viver apaixonadamente para Jesus Cristo e dedicado aos jovens.
A diversidade dos temas tratados pode dispersar-nos, porque vão desde a animação e o cuidado da vida de cada salesiano, até aos diversos aspetos que exprimem o caminho que percorremos juntos, salesianos, família salesiana e leigos, com e para os jovens. Em alguns momentos falaremos do cuidado da própria vocação ou fraternidade, e em outros da missão partilhada, da educação e evangelização ou da cultura digital. A minha expetativa é que, em todos os momentos, cada um destes temas seja atravessado por esta paixão por Jesus como leitura chave e fio condutor. Creio que isto é essencial para que este Capítulo Geral possa suscitar um impulso que provoque uma conversão pessoal e comunitária que nos torne mais autênticos e credíveis no meio das múltiplas missões que levamos a cabo.
* Pe. Fernando García, sdb, Superior da Província Salesiana de São Tiago Maior, com sede em Madrid, Espanha
Publicado no Boletim Salesiano n.º 607 de janeiro/fevereiro de 2025
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