Congregação Salesiana: oito desafios para os próximos seis anos

Foi apresentado pelo Reitor-Mor, no mês de agosto, o Documento Final do Capítulo Geral 28 dos Salesianos, que decorreu na Casa-Mãe, em Valdocco, de fevereiro a março, e que juntou mais de 230 delegados provenientes de 134 países. O documento de 26 páginas pode ser lido na íntegra no portal oficial dos Salesianos, em www.sdb.org, mas propomos uma leitura sintética da proposta programática do Superior da Congregação, Pe. Ángel Fernández Artime, para os próximos seis anos. São oito os grandes objetivos que devem definir “as finalidades, os objetivos, os processos e as ações concretas” de cada Província Salesiana.

1. SALESIANO DE DOM BOSCO PARA SEMPRE. Um sexénio para crescer na identidade salesiana: o ponto de partida essencial é a condição de consagrados. O futuro da vida consagrada, e da vida salesiana, tem o seu fundamento em Jesus Cristo. «O Senhor ressuscitado convidava os seus discípulos a voltarem à Galileia para reencontrá-l’O e revê-l’O. […] Hoje a nossa Galileia, para o encontro com o Senhor, como Salesianos de Dom Bosco, passa por Valdocco, pelos inícios de Valdocco, também frágeis, mas com a força e a paixão da frase que o jovem João Cagliero expressou com tanto ardor e entusiasmo juvenil: “frade ou não frade, eu fico com Dom Bosco”».

2. Numa Congregação à qual somos convidados pelo “DA MIHI ANIMAS, CETERA TOLLE”: é necessário e urgente que a Congregação viva, respire e caminhe procurando fazer do lema de Dom Bosco uma realidade no anúncio do Evangelho. «É urgente dar prioridade absoluta ao empenho na evangelização dos jovens com propostas conscientes, intencionais e explícitas». Sem isso, afirma o Reitor-Mor, a sua ação tenderá à benignidade da promoção humana e à assistência social.

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3. A viver o “SACRAMENTO SALESIANO DA PRESENÇA”: recuperar o primeiro amor vocacional, ser presença alegre e gratuita entre os jovens. «Refletimos sobre este aspeto durante o CG28. [Os jovens] pedem-nos tempo e nós damos-lhes espaço; pedem-nos relação e nós prestamos serviços; pedem-nos vida fraterna e nós oferecemos estruturas; pedem-nos amizade e nós proporcionamos atividades. Tudo isto nos empenha a redescobrir as riquezas e as potencialidades do “espírito de família”».

4. A formação para ser SALESIANOS PASTORES HOJE: a comunidade é o primeiro lugar de formação. «Empenhemo-nos em superar a distância entre formação e missão, favorecendo na Congregação uma renovada cultura da formação na missão».

5. PRIORIDADE ABSOLUTA aos jovens, aos mais pobres e aos mais abandonados e indefesos: primeiros e principais destinatários da sua missão. «A Congregação […] faz a opção radical, preferencial, pessoal – ou seja, de cada Salesiano – e institucional em favor dos mais necessitados, dos adolescentes, das adolescentes e dos jovens pobres e excluídos, com atenção especial à defesa daqueles que são explorados e vítimas de todo o abuso e violência (“abuso de poder, económico, de consciência, sexual”)».

6. COM OS LEIGOS NA MISSÃO E NA FORMAÇÃO. A força carismática que os leigos e a Família Salesiana nos oferecem: empenho na formação dos leigos, no seu crescimento pessoal, itinerário de fé e identificação vital com o espírito salesiano.

7. É TEMPO DE UMA MAIOR GENEROSIDADE NA CONGREGAÇÃO. Uma Congregação universal e missionária: Deus continua a chamar. Em todo o mundo, são necessárias “testemunhas-sinais” do seu Amor salvífico pelos jovens mais pobres. «Proponho a toda a Congregação a concretização deste tempo de generosidade, assumindo de modo natural a disponibilidade de irmãos de todas as Províncias (transferências, intercâmbio, ajuda temporária) para serviços internacionais, novas fundações, novas fronteiras que queiramos alcançar».

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8. Acompanhando os jovens rumo a um FUTURO SUSTENTÁVEL: uma conversão cultural, não uma moda. «Reconhecemos com o Papa Francisco a evidência dada pela ciência de que a aceleração da mudança climática que deriva da atividade humana é real. […] Acolhamos [o desafio] para que a Congregação assuma 100% das energias renováveis em todas as Provínciais do mundo até 2032». Duas atitudes ajudarão a superar estes desafios, refere o Reitor-Mor no final do texto: esperança e deixar-se «guiar muito mais pelo Espírito Santo». «Serão, certamente, com a graça de Deus e a presença materna da nossa Mãe Auxiliadora, anos de fidelidade da parte da Congregação e de resposta corajosa e também profética aos sinais dos tempos de hoje».

Publicado no Boletim Salesiano n.º 583 de Novembro/Dezembro de 2020

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