A chave de entrada para a festa

Há datas que marcam e que mudam a história. Acontecimentos que alteram os nossos dias com um novo sentido, com um rasgo para um mundo mais significativo. O Jubileu de 2025 é, por excelência, um desses marcos decisivos. Mas como participar neste momento de graça? Qual é a chave que permite abrir a porta para a festa?

A festa foi organizada e tudo está preparado. Mas as condições de entrada necessitam de uma chave de acesso, um código que permita a entrada. No entanto, por vezes, o coração falta ao convite. É possível que ao organizar um programa tão preenchido possamos ficar aquém do essencial. Ver o espetáculo não garante por si a participação na alegria.

Em ano de jubileu, o desafio é entrar e tomar parte na festa. Participar naquele movimento interior que nos envolve por inteiro, em plenitude. O cardeal Tolentino Mendonça, no Pequeno Caminho das Grandes Perguntas, reconhece que “vivemos demasiado em casas fechadas, com a bagagem arrumada em gavetas estáveis como se não tivéssemos de voltar a sair, com o tempo rotinizado numa aparente previsibilidade que nos ilude. Vivemos como se o que vemos fosse tudo o que há para ver. Fazemos do nosso quintal o universo”.

Então de que matéria é feita a chave que nos garante a entrada? Como abrir a porta para a festa? A nossa chave é composta (a) de humildade, porque o que vemos não é tudo o que há para ver; (b) de uma experiência autêntica de comunhão, de trabalho em equipa, porque sozinhos não entraremos na festa; (c) e, ainda, de uma necessidade vital de celebração dos sacramentos de Deus.

Para D. Bosco, a religião e a razão eram completadas pela amabilidade. Uma espécie de amor em ação que sustentava toda a sua pedagogia. Esta foi a sua forma de ser e de pensar, que o levou a entregar tudo pelo bem dos jovens através do seu amor educativo. Foi essa a chave de qualidade que o fez entrar no coração dos jovens.

Precisamos, então, de um grande cuidado para que a festa seja real. E, não podemos desperdiçar mais esta oportunidade. Na Carta a um jovem que queria crescer em sabedoria, S. Tomás de Aquino aconselha-o a ser prudente e começar pelos pequenos gestos que estão ao seu alcance: “Não mergulhes de cabeça no mar do conhecimento, mas tenta chegar a ele através de riachos menores. É sábio trabalhar a partir do mais simples até chegar ao mais difícil.” É sábio cuidar dos gestos e das palavras simples, da escuta e do silêncio, do abraço, do afeto e da amizade. É sábio perceber a grandeza da vida em comunhão solidária com os outros. É sábio cuidar da chave de entrada para a festa deste jubileu.

* Diretor Pedagógico dos Salesianos de Manique

Ilustração: Sónia Borges

Publicado no Boletim Salesiano n.º 611 de setembro/outubro de 2025

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