Amigos de Jesus: testemunhas alegres

No domingo de Cristo Rei, dia 23 de novembro, celebra-se a Jornada Mundial da Juventude. Para a comemoração deste dia, o Papa Leão XIV, escreveu uma carta onde convida cada jovem – e cada membro da Família Salesiana – a redescobrir a força transformadora da amizade com Jesus. É dessa amizade que nasce o testemunho, desperta a missão e brota a alegria que dá sentido ao mundo.

Na sua mensagem, o Papa recorda que não existe verdadeiro testemunho sem amizade. Só fala de Jesus quem antes experimentou a alegria de ser Seu amigo. O testemunho não se trata de propaganda religiosa, mas daquela forma luminosa de viver que nasce quando deixamos que Cristo marque a nossa vida, os nossos gestos e as nossas escolhas.
Esta visão toca um dos pilares mais profundos da espiritualidade salesiana: a amizade com Jesus. Dom Bosco não desejava outra coisa senão que cada jovem descobrisse este Amigo fiel — que escuta, anima, consola e ilumina – o próprio Jesus. Quando esta amizade é autêntica, o testemunho surge naturalmente, como quem deixa transbordar o que vive.

Cultivar a amizade, combater o vazio

O Papa alerta para a necessidade de alimentar esta relação com Cristo, sobretudo num tempo em que tantos procuram respostas num fluxo infinito de imagens e ruídos que passam por ecrãs que nos deixam «a mente cansada e o coração vazio». A resposta cristã começa no encontro real, na escuta atenta, na presença que consola.

Também aqui ressoa o carisma salesiano: criar espaços de presença, de relação e de vida, onde os jovens possam reencontrar a profundidade que a cultura do ecrã tende a diluir. Só quando a amizade com Jesus se faz concreta na amizade com os outros, nasce a coragem de testemunhar no mundo de hoje.

Missionários no mundo que temos – como Dom Bosco desejou

Testemunhar Jesus é ser missionário, mesmo sem viajar para longe. O Papa lembra que ser missionário, hoje, é ter a coragem de agir de forma diferente num mundo onde tantos jovens «estão expostos à violência, obrigados a pegar em armas, forçados a separar-se dos seus entes queridos, a migrar e a fugir». Alerta também que quem tenta fazer o bem pode ser incompreendido, rejeitado ou até ridicularizado. Nesses momentos, é preciso recordar o apelo de São Paulo: «Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem».

Este ano, em que celebramos os 150 anos da Primeira Expedição Missionária Salesiana, esta mensagem ganha ainda mais peso para todos os que estão ligados à Família Salesiana. Aqueles dez primeiros salesianos — quase todos jovens — deixaram Turim movidos por um desejo simples e audaz: levar Cristo onde Ele ainda não tinha chegado. Hoje, o convite é semelhante: deixar o conforto, arriscar, aproximar-se de quem procura sentido, esperança e identidade num mundo muitas vezes desorientado.

Um testemunho marcado pela fraternidade

A amizade com Jesus faz nascer um estilo: o da comunhão, do serviço e da fraternidade concreta. O Papa fala de um testemunho com “calor” e “sabor” a fraternidade. Nada poderia ser mais salesiano. Viver a fé é criar família, unir forças, trabalhar lado a lado para transformar o mundo.

É desse espírito que brotam outros dois pilares salesianos: a espiritualidade da comunhão eclesial e a espiritualidade do serviço responsável. Quando caminhamos lado a lado, servindo com simplicidade e generosidade, como Igreja, o Evangelho começa a ganhar forma diante dos olhos do mundo.

A alegria como sinal inconfundível

A mensagem termina com um apelo claro: “Dai testemunho de tudo isto com alegria!”. A alegria não é um extra, é o sinal mais convincente da fé cristã. Foi assim com os discípulos, é assim com os santos e tem sido assim com os filhos de Dom Bosco: uma alegria que não ignora o sofrimento, mas o atravessa com esperança; uma alegria que nasce da certeza de que Jesus faz novas todas as coisas.

A espiritualidade da alegria e do otimismo é outro pilar da espiritualidade juvenil salesiana, pois acreditamos que o mundo só poderá acreditar na beleza da amizade com Jesus se ela for alegre. O testemunho cristão só será acolhido se for oferecido com serenidade, simplicidade e um sorriso, e não com lamentos ou espírito de derrota.

Conclusão

A amizade com Jesus gera testemunho.
O testemunho faz de nós missionários.
E a missão só é credível quando é vivida com alegria.
Este é o coração da mensagem do Papa — e é também o caminho que Dom Bosco traçou para cada jovem: ser profundamente amigo de Jesus, profundamente missionário, profundamente alegre.
Um coração jovem que viva assim pode realmente marcar e transformar o mundo.

Artigos Relacionados