“Sonho que todos aqueles que nos vejam possam dizer: ‘Como se sentem felizes esses salesianos!'”

Há um ano, no dia 25 de março de 2014, o Capítulo Geral27 (CG27) elegeu o Pe. Ángel Fernández Artime, Reitor-Mor e X Sucessor de Dom Bosco.

Hoje em entrevista, conta-nos como foi este seu primeiro ano e o que sonha para a Congregação Salesiana, enviando por fim uma mensagem aos Jovens, à Família Salesiana, aos Colaboradores Leigos.

Dom Bosco era um sonhador. Como Sucessor de Dom Bosco, qual o seu sonho para a Congregação?

De tudo quanto faz parte do meu sonho, escolho neste momento dois aspetos que me vêm diretamente do coração.

  • Sonho a Congregação dos Salesianos de Dom Bosco como uma realidade em que todos e cada um de nós, seus membros, sem exceção, nos sintamos realmente felizes em viver a vida que escolhemos, dando cada dia uma resposta jubilosa a Deus e a Dom Bosco, em favor dos Jovens.
  • Sonho que todos aqueles que nos vejam possam dizer: “como se sentem felizes esses salesianos!”; e que a nossa resposta possa ser: “e o somos porque Deus replena a nossa vida, porque nos sentimos muito amados pelos nossos mesmos irmãos, pela família e pelos amigos e amigas que temos; e porque dar a vida pelos jovens que o Senhor nos põe no nosso caminho realiza-nos plenamente.”

E sonho com uma Congregação que dentro de cinco anos, olhando ao nosso próximo CG28, possa dizer de si mesma que tem continuado a crescer em autenticidade e fidelidade àquilo que é mais essencial no nosso modo de ser religiosos salesianos.

Dom Bosco muitas vezes sonhava, e através dos seus sonhos com frequência via mais claramente as situações e os desafios que esperavam os Salesianos. Há algum aspeto particular a ser melhorado, hoje, para voltar ao grande sonho de Dom Bosco?

Como diz a pergunta, gostaria de dizer que me agradaria muito ter esse dom que tinha Dom Bosco de poder ver, sonhando, os desafios que esperavam os Salesianos daquele tempo. Brincadeira à parte, sabendo que podemos sempre contar com a presença de Deus no seu Espírito: sim, atrevo-me a dizer, depois deste ano, que os grandes desafios têm muito a ver com o ontem e certamente com o hoje e o amanhã. Digo isto porque se referem à nossa autenticidade em viver a nossa vida religiosa consagrada e o carisma recebido. Há uma orientação da qual não devemos nunca afastar-nos nem um milímetro sequer: a opção preferencial pelos jovens (por vezes são adolescentes e crianças em processo de crescimento), e de entre todos, sempre os mais pobres, carentes, abandonados, excluídos. Se caminharmos sempre nessa direção, nada teremos a temer. Estou convencido de que, nesse caso, nós não só celebraremos os 200 anos mas outros Salesianos e membros da Família Salesiana celebrarão os 300 anos de Nascimento de nosso Pai Dom Bosco.

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Quais são as realidades da Congregação que, depois de um ano de reitorado, também através de suas viagens, lhe parecem mais significativas?

Das que conheci nas viagens neste ano por quatro continentes e consciente de que, se Deus o permitir, poderei ver muitas realidades belíssimas nos próximos anos, evidencio, em geral, todo o serviço prestado a milhares e milhares de jovens em dificuldade em todo o mundo e sublinho especialmente neste momento a opção que fizeram os nossos irmãos em favor dos meninos órfãos por causa do ébola, na Libéria e em Serra Leoa; sublinho a busca de encontro com meninos de rua em muitas nações do mundo; sublinho o acolhimento de refugiados nas casas salesianas de várias nações (entre as quais, o Sudão do Sul), sem esquecer a atenção às centenas de crianças imigradas, nas casas do Mediterrâneo ou do Leste da Europa ou do Oriente Médio. E não posso esquecer os outros refugiados que, fugindo das guerras nos diversos confins, se encontram em algumas das nossas presenças. Relembro também que nos ficamos presentes entre a população e os jovens, todos os dias, perante o fogo das armas, em Alepo, e na Síria em geral.

Enquanto agradeço a Deus e a Dom Bosco por tanta dedicação dos meus irmãos, e de toda a Família Salesiana no mundo, como poderia deixar de comover-me perante estas atividades que nos recordam que estamos fazendo o que Dom Bosco certamente faria hoje, se connosco ou ali estivesse?

Há também muitos Salesianos Jovens que estão a viver o seu primeiro ano de vida salesiana: qual sua mensagem para eles?

A minha mensagem é esta: “Meus caros Irmãos Jovens, sede felizes na vivência dessa linda vocação. Sede felizes seguindo com paixão a Jesus Cristo, sobre os passos de Dom Bosco. A nossa vocação é maravilhosa, o carisma recebido é belo, sempre atual, e milhares de jovens esperam por ele. Deus precisa de vós; Dom Bosco precisa de vós; os jovens de todo o mundo precisam de vós”.

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Por fim, como fazia Dom Bosco, diga uma “palavrinha ao ouvido”…

Aos jovens

Realmente, caríssimos jovens, quero dizer-vos que desejamos o vosso bem e a vossa felicidade, aqui e na eternidade. Não vos faltará a Graça que vem de Deus. Coragem, porque deveis ser os verdadeiros protagonistas das vossas vidas. Por isso, tornai realidade o sonho de Deus para cada um de vós.

À Família Salesiana

Minha querida Família Salesiana: somos uma verdadeira família religiosa na Igreja. Muito se espera de nós. Devemos ser, com convicção, verdadeiros discípulos missionários, como nos pede o Papa Francisco. Portanto, vamos em frente, cuidemos da nossa fraternidade e comunhão. E nunca nos lamentemos.

Aos nossos Colaboradores Leigos

Meus caros amigos e amigas de todo o mundo: aos meus coirmãos salesianos na Congregação digo que “a missão partilhada convosco não é opcional; é uma exigência do carisma e da missão”. A vós peço que abrais os vossos corações e continueis a crescer na identidade salesiana, para serdes continuadores da missão de Dom Bosco hoje, o que é muito mais do que apenas trabalhar numa casa salesiana.

Por ocasião do primeiro aniversário da eleição de Pe. Ángel F. Artime a Reitor-Mor, o seu Vigário, Pe. Francesco Cereda, pronunciou um discurso de agradecimento, atualmente disponível também sobre no sítio-web sdb.org.

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