O Sínodo dos Bispos: Os Jovens e a Tradição

Texto de opinião de Isilda Pegado para o Boletim Salesiano n.º 570 de Setembro/Outubro de 2018.

“A única alegria do mundo é começar. É belo viver porque viver é começar, sempre, em cada instante”. A frase de Cesare Pavese espelha bem o desejo do Homem de construir sempre mais e melhor. Por isso os tempos são marcados pela mudança. Este desejo é o motor da História. A Igreja como realidade do mundo, e dos homens, não é alheia a esta vontade de construir “novo” e “melhor”.

Ao convocar um Sínodo de Bispos para as questões dos jovens, o Papa Francisco responde a este desafio, mostra-se consciente daquela necessidade e, com coragem para enfrentar as dificuldades que facilmente se anteveem.

Na Sociedade a mudança pode fazer-se de dois modos. Ou a rutura com o passado e o presente (as revoluções) ou a atitude crítica e responsável da realidade, que gera novas perspetivas para o bem comum (as reformas). Enquanto na revolução há um corte com a realidade, incluindo a tradição cultural cimentada ao longo de gerações, na evolução ou reforma há como que um absorver a realidade e descobrir nela outras potências que geram um Novo.

Muito se fala na necessidade de reformas na Igreja. Na Igreja não há revolução porque a realidade é Cristo e o seu Corpo Místico. E há-de ser a partir dessa Realidade que se hão-de encontrar novas formas de responder ao Homem e a Cristo. Por isso, a Tradição não é um menos mas um mais.

É necessário e vital que se perceba melhor o que afasta o coração dos jovens da Igreja e de Cristo. O que apaga o desejo de conhecer para além do imediato? Como encontrar uma atratividade que ajude cada jovem na sua vida concreta?

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Muitas vezes, neste nosso desejo de transmitir o que de melhor temos na vida, nos questionamos perante aqueles que nos rodeiam: – O que falha? Porque se passa ao lado da essência da vida (o homem é criatura de Deus)?

Como dizia o Papa João Paulo II – “o Cristianismo é um encontro “. Na verdade, é preciso o encontro com a realidade, com o todo que rodeia cada indivíduo e também  aceitar  a realidade e a interpelação que esta gera. Quem fez os montes, as serras, os rios, as ondas do mar ou as estrelas do firmamento? A resposta da ciência é suficiente? Ou evito uma pergunta mais profunda que me leva à resposta da Fé ? E o encontro com o outro, numa amizade que me preenche?

A atratividade está nesse encontro, ou resulta do vazio deixado por teses ideológicas que lavram na falta de informação séria e fundamentada? Sem conhecer não se adere.

Dou um exemplo. Diz-se que o modelo de família tradicional está em declínio. Mas está em declínio ou está doente? O que aspira o homem e a mulher que aos 25 anos estão apaixonados? Naquela altura desejam casar, ter filhos e netos…e viver felizes para sempre. Porque tantas vezes não se concretizam estes desejos? Porque claudicamos? Porque cedemos às dificuldades? Porque entregamos o desejo do coração à fraqueza dos tempos e às falsas promessas (tenho o direito de ser feliz…isto não é vida… etc.). Alguém conhece modelo de família mais desejado?

Porque negamos a realidade e esquecemos a tradição a troco de baladas ideológicas que corroem o Homem e a sua natureza? Os Jovens Conhecem, sabem, foram ensinados a viver no Amor à Verdade?

É preciso começar, sempre, em cada instante… O Sínodo pode ser “alegria do mundo” se for um “começar”. É a nossa expetativa e esperança.

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Publicado no Boletim Salesiano n.º 570 de Setembro/Outubro de 2018

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