Jornadas Nacionais de Comunicação Social refletem sobre desafios atuais da comunicação

O Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Igreja organizou nos dias 25 e 26 as Jornadas Nacionais de Comunicação Social. O Seminário Maior de Coimbra recebeu o encontro deste ano em que participaram dezenas de jornalistas, profissionais de comunicação e de marketing ligados à Igreja e alguns “influenciadores digitais católicos”.

As Jornadas começaram com as intervenções de Isabel Figueiredo, do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Igreja, e de D. Nuno Brás, que preside à Comissão Episcopal para a Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, que enviaram mensagens fazendo votos que o encontro fosse frutífero. Em representação da Comissão, D. Joaquim Dionísio lembrou o papel essencial da comunicação para o anúncio. “A Igreja existe para evangelizar”, sublinhou.

“Ser, parecer e aparecer”: comunicar com autenticidade

Nelson Mateus, jornalista da SIC, moderou a primeira conversa com os convidados Clara Almeida Santos, Professora do Departamento de Filosofia, Comunicação e Informação da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, e Padre Paulo Duarte, religioso jesuíta que integrou o grupo de missionários digitais e influenciadores católicos que participaram no Jubileu, em julho deste ano, e que juntou mil e duzentas pessoas no Vaticano.

As duas intervenções seguiram o tema proposto no programa, explorando as fronteiras da comunicação do “ser, parecer ou aparecer”. Ambos abordaram a importância da verdade e da autenticidade na comunicação, e, igualmente, a necessidade de silêncio em oposição à saturação e às desordens informativas que ocupam o espaço público.

“A maior procura por silêncio, meditação, psicoterapia, deve-se a uma retirada da espiritualidade da vida das pessoas”, lembrou a Professora da Universidade de Coimbra.

O sacerdote, que tem dezenas de milhares de seguidores nas redes sociais, explicou que o fenómeno dos influenciadores “é um modelo que se desenvolveu porque mais facilmente as pessoas interagem com pessoas do que com instituições”. “O que pretendemos é ajudar a pensar e a refletir”, referiu.

Defendeu-se a necessidade de formação da “Igreja” para saber comunicar com autenticidade.

No segundo painel, moderado pela jornalista Sónia Neves, diretora do Correio de Coimbra e nova diretora do Secretariado das Comunicações Sociais da Diocese de Coimbra, foram apresentadas várias experiências de comunicação, com intervenções do Padre Manuel Vieira, diretor do Departamento de Comunicação Social da Arquidiocese de Évora; Rita Carvalho, diretora do Gabinete de Comunicação da Companhia de Jesus; Paulo Aido, do Departamento de Comunicação da Fundação AIS; e Francisco de Mendia, vice-presidente da Agência de Comunicação H/Advisors CV&A, parceiro responsável pela comunicação da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023.

Fundação AIS, ser a voz dos que não têm voz

Paulo Aido, jornalista com mais de 40 anos de experiência, apresentou o trabalho desenvolvido pela Fundação Pontifícia Ajuda a Igreja que Sofre. Acredita que a missão da Fundação AIS é “ser a voz dos que não têm voz”. “Recebemos apelos de todo o mundo. Em primeiro lugar, pedem-nos que rezemos por eles e, em segundo lugar, que sensibilizemos o mundo para as suas histórias. Contamos histórias de pessoas concretas, protagonistas da Igreja que Sofre. Temos um dever”, afirmou.

Outro exemplo de sucesso na evangelização digital foi apresentado pelo Pe. Guilherme, DJ e “missionário digital”, que enviou uma comunicação gravada. Com um milhão e meio de seguidores só no TikTok, o sacerdote, que acordou a multidão no Campo da Graça durante a JMJ Lisboa 2023, trabalha hoje com uma equipa de 25 profissionais no seu projeto de música de dança de inspiração cristã.

No segundo dia, Nelson Pimenta, diretor digital do grupo Renascença, apresentou o workshop Storytelling digital: como criar conteúdos com impacto e relação”. No grupo da Renascença há sete anos, o engenheiro de formação com mestrado em Marketing e Publicidade, explicou alguns métodos para trabalhar conteúdos com originalidade.

João Paiva: “O populismo é uma colisão com o Evangelho”

João Paiva é autor, com Khalid Jamal e Miriam Assor, do podcast “Que Mundo, meu Deus!”, programa da TSF. Através de uma apresentação dinâmica, João Paiva, Professor no Departamento de Química e Bioquímica da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, explorou as questões que a Inteligência Artificial coloca à humanidade. Será a IA de facto singular ou será apenas mais uma revolução com um enorme impacto como todas as mudanças na história? Sobre o momento presente, o Professor manifestou a sua preocupação com a ameaça que o populismo representa para a democracia e a liberdade. “O populismo é uma colisão com a natureza, com a ciência, e, principalmente, com o Evangelho”, afirmou.

O programa das Jornadas incluiu uma visita guiada ao edifício com mais de 250 anos, à igreja da Sagrada Família, à biblioteca, aos espaços habitados pelo Bispo D. Miguel da Anunciação, ao alojamento ocupado pelo Venerável Pe. Américo, fundador da Casa do Gaiato, quando este frequentou o seminário. Noutro momento os participantes puderam visitar a Oficina-Museu Monsenhor Nunes Pereira, que guarda o maior espólio do sacerdote, com milhares de obras.

Nas intervenções finais, D. Fernando Paiva e D. Joaquim Dionísio, da Comissão Episcopal para a Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, elogiaram as intervenções e reforçaram a importância do trabalho de comunicação feito dentro da Igreja.

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