Freetown, Serra Leoa: “Augusta Ngombu-Gboli”

Saiu das ruas de Freetown com a ajuda dos salesianos. Recordar Augusta é reconhecer a importância do trabalho dos missionários em alguns dos locais mais violentos e difíceis do mundo.

Augusta Ngombu-Gboli tinha apenas 23 anos. Órfã desde os 12 anos, explorada e maltratada por um familiar, fugiu de casa para sobreviver nas ruas de Freetown, capital da Serra Leoa, e acabou a vender o seu corpo para poder comer. Os salesianos salvaram-na quando tinha 16 anos, estudou hotelaria e abriu o seu próprio negócio de catering. No dia 7 de junho de 2020, Augusta morreu vítima do HIV/SIDA. Foi uma vítima indireta do novo coronavírus. O medo de contrair o vírus fez com que parasse de ir ao hospital para tomar os remédios retrovirais para a sua doença.

A sua história correu o mundo – das Nações Unidas ao Parlamento Europeu e ao Vaticano – graças ao documentário intitulado “Amor” (Love, de Raúl de la Fuente, 2018), produzido pela Procuradoria Misiones Salesianas de Espanha. O filme capta o trabalho dos missionários salesianos da Don Bosco Fambul, uma das principais organizações de assistência social de Freetown, e foi exibido em vários países.

Augusta foi uma das oradoras na 38.º Sessão do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas em Genebra, como parte do trabalho de advocacy que os salesianos fazem junto de instituições internacionais para alertar para a realidade de sofrimento de crianças e jovens em todo o mundo. Graças a ele, foi possível sensibilizar a opinião pública e o governo da Serra Leoa, que em fevereiro de 2019 declarou uma “Emergência Nacional sobre o Abuso Sexual de Menores” e implementou legislação. De acordo com a UNICEF, cerca de 200.000 raparigas e mulheres foram abusadas durante a década que durou a guerra civil no país (1991-2002). Setenta por cento da população da Serra Leoa vive abaixo do limiar da pobreza, 60% da população tem menos de 25 anos e a taxa de desemprego jovem atinge os 60% (cf. World Fact Book da CIA).

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“Foi o dia mais feliz da minha vida”, contava sobre o dia em que conheceu o Papa na Praça de São Pedro. Ao seu lado, o sacerdote salesiano Jorge Crisafulli (na foto), diretor da Don Bosco Fambul. Augusta era nessa data, 27 de fevereiro de 2019, uma jovem feliz, com um pequeno negócio seu, livre das ruas e da prostituição, e ensinava culinária a outras meninas com histórias semelhantes à sua apoiadas pelo programa “Girls Shelter” da Don Bosco Fambul onde podem retomar os estudos, frequentar programas educacionais que lhes darão as competências necessárias para encontrar e manter um emprego. Recordar Augusta é reconhecer a importância do trabalho dos missionários salesianos em alguns dos locais mais violentos e difíceis do mundo.

Fotografias Jugend Eine Welt/Missiones Salesianas/Times of Malta
Texto adaptado de ANS/Misiones Salesianas

Publicado no Boletim Salesiano n.º 582 de Setembro/Outubro de 2020

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