Dia Mundial das Comunicações Sociais

Dia Mundial das Comunicações Sociais: “Escutar com o ouvido do coração” 

No próximo dia 29 de maio assinala-se o 56.º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Papa destaca a importância da escuta para a boa comunicação.

“Escutar com o ouvido do coração” é o título da mensagem do Papa Francisco. No texto, o Pontífice continua a reflexão iniciada na mensagem do ano passado sobre as condições necessárias para a boa comunicação. No ano passado, Francisco pedia aos jornalistas e profissionais da comunicação para “irem e verem”, na procura da verdade, observada de perto e narrada. E alertava para a “crise editorial” que cada vez mais assenta a produção de informação nas redações, “sem nunca sair à rua”, “fotocopiada” das agências noticiosas, pressionada pela velocidade, “sem encontrar pessoas para procurar histórias ou verificar com os próprios olhos”. 

“Continuando nesta linha”, escreve em 2022 o Papa, “quero agora fixar a atenção noutro verbo, «escutar», que é decisivo na gramática da comunicação e condição para um autêntico diálogo”. 

Lendo a partir da Bíblia, Francisco lembra que a escuta não é só “perceção acústica”, mas está “ligada à relação dialogal entre Deus e a humanidade”. “A escuta corresponde ao estilo humilde de Deus. Ela permite a Deus revelar-Se como Aquele que, falando, cria o homem à sua imagem e, ouvindo-o, reconhece-o como seu interlocutor”, lembra. 

O principal objetivo da comunicação não deve ser captar a atenção do público, mas antes ajudar a compreender a realidade complexa à volta. “Isto é sintoma de que se procura mais o consenso do que a verdade e o bem; presta-se mais atenção à audience do que à escuta”, explica.

O Papa Francisco destaca ainda a necessidade de uma boa comunicação no atual contexto da pandemia para combater a “desconfiança” em relação à informação oficial. “A capacidade de escutar a sociedade é ainda mais preciosa neste tempo ferido pela longa pandemia. A grande desconfiança que anteriormente se foi acumulando relativamente à «informação oficial», causou também uma espécie de ‘infodemia’ dentro da qual é cada vez mais difícil tornar credível e transparente o mundo da informação. É preciso inclinar o ouvido e escutar em profundidade, sobretudo o mal-estar social agravado pelo abrandamento ou cessação de muitas atividades económicas”, sublinha.

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Outro tema atual que Francisco relaciona nesta mensagem tem a ver com os preconceitos em relação aos migrantes que só podem ser superados conhecendo o outro. Neste campo o jornalista tem um papel essencial, dando “um nome e uma história a cada um deles”. “Depois cada qual será livre para sustentar as políticas de migração que considerar mais apropriadas para o próprio país. Mas então teremos diante dos olhos, não números nem invasores perigosos, mas rostos e histórias de pessoas concretas, olhares, expetativas, sofrimentos de homens e mulheres para ouvir”.

Estes alertas não se aplicam apenas aos meios de comunicação social, mas também às relações pessoais e à própria Igreja. Sem escutar de facto o outro, o diálogo não existe. Apenas discussões que não geram conhecimento, “estéreis contraposições” em que os interlocutores querem forçar os seus argumentos, e que resultam em extremismos e radicalizações.

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