Pe. Antonio Polo, Prémio “Nobel” Missionário

Pe. Antonio Polo, Prémio “Nobel” Missionário

O que fez de extraordinário este sacerdote salesiano de 86 anos para receber um “Nobel”? Criou uma experiência de economia comunitária, numa terra isolada e pobre, onde a população vivia apenas das minas de sal.

Salinas de Guaranda, Peru. O padre Antonio Polo nasceu em 1939 em Veneza, Itália. Chegou ao Equador nos anos 70, para se entregar à missão entre os mais pobres na Cordilheira dos Andes, a 3.560 metros de altitude.

Em 2023, recebeu o Prémio “Cuore Amico” (Coração Amigo), também conhecido como o “Prémio Nobel Missionário”, atribuído pela associação com o mesmo nome criada em 1980 em Brescia, Itália, para apoiar o trabalho dos missionários em todo o mundo. Foi a quinta vez que o Prémio “Cuore Amico” foi atribuído à Família Salesiana: quatro Salesianos de Dom Bosco e uma Filha de Maria Auxiliadora.

A transformação de Salinas de Guaranda

Em Salinas de Guaranda, na província de Bolívar, no Equador, o clima pode ser implacável. Manhãs ensolaradas e quentes às vezes são acompanhadas de tardes frias e chuva forte. Antes, a população vivia apenas da exploração das minas de sal que dão o nome à vila.

Aos 86 anos, com uma longa barba branca e uma boina que só tira para celebrar a missa, o padre Antonio Polo, um salesiano que chegou a Salinas em 1970 com um cargo que lhe exigiria, em princípio, quatro meses, continua a ser o pároco e, dos degraus da igreja de  Salinas, observa a sua vila transformar-se.

“O que acabamos por ter foi uma série de situações em que nos encontramos com um parceiro oculto”, diz Polo, olhando para o céu, “que nos enviou a pessoa certa na hora certa”.

Com o vulcão Chimborazo como vizinho, esta vila tornou-se um centro de empreendedorismo no Equador nos últimos 40 anos. A marca “El Salinerito” é uma espécie de embaixadora desta terra. Hoje, os quase 1.000 habitantes são empresários que participam principalmente na produção de queijo e chocolate. Há também quem abra negócios como restaurantes ou alojamentos para visitantes. Somam-se ainda quase 10.000 habitantes de municípios vizinhos ligados à rede produtiva de Salinas.

Para o Pe. António Polo, as suas maiores realizações são “as missas dominicais na aldeia e, periodicamente, nas comunidades, a reflexão no início da semana, por sua vez, nas associações, as crianças que podem circular livremente como reis na calma de um povo solidário e que correm ao meu encontro para me abraçar com alegria. A natureza outrora destruída e agora próspera, as visitas diárias de fazendeiros e estudantes em busca de esperança. Ter garantido educação e pão de cada dia, através do trabalho comunitário, a milhares de famílias antes pobres e exploradas. Ter difundido, através de palavras e exemplos concretos, a prática de dar valor agregado às muitas matérias-primas em que o Equador é tão rico”.

Em 2017, o governo equatoriano condecorou o Pe. Antonio Polo com a Ordem Nacional do Mérito no grau de “Oficial” pelo trabalho e esforço em prol da comunidade equatoriana e dos mais pobres.

A estima que a população tem por ele é visível num blog, “não oficial”, do Pe. Antonio: “Ninguém nega que esta cidade tem um antes e um depois e que, de alguma forma, começa e acaba com Antonio Polo, esse veneziano de barba cerrada, testa alta que ganha espaço para um cabelo liso, que numa manhã de 1970 chegou de Simiátug, onde era pároco, para rezar a Missa e ficou”.

Texto adaptado de BS Itália/Ana Samaniego Fotografia: John Valencia (Fundação AIS Internacional)

Publicado no Boletim Salesiano n.º 609 de maio/junho de 2025

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