Benim: Devolver a infância às crianças

A história do Benim está tristemente ligada à escravatura. Hoje, muitas crianças vulneráveis são vítimas de tráfico, exploradas e maltratadas. Os Salesianos do Benim trabalham para lhes devolver a infância.

O Pe. Emmanuel Bernard Richard Azagba dirige a comunidade salesiana de Tokpota em Porto Novo e é responsável pela casa Dom Bosco que acolhe crianças em situação de vulnerabilidade. Conheceu a obra salesiana na paróquia de São Francisco Xavier, onde os salesianos organizavam jogos e “semeavam a alegria nos corações daquelas crianças”. O fascínio pela dedicação dos religiosos às crianças, levou-o a tornar-se salesiano. “É belo oferecer-se a Deus para os mais pobres e para todos os homens e mulheres do nosso mundo”, defende.

Pe. Emmanuel Bernard Richard Azagba, diretor da comunidade salesiana de Tokpota, em Porto Novo

Os Salesianos estão presentes no Benim desde 1980, com duas comunidades na capital Cotonou, que é também sede da Província, duas em Porto Novo, uma em Kandi e uma em Parakou, no norte do país. 

O Benim tem muitas crianças. Com uma população de mais de 13 milhões, 42% tem menos de 15 anos, segundo números das Nações Unidas. Há muitas famílias numerosas, com poucos recursos, e em muitos casos as crianças não recebem dos pais os cuidados que deveriam. “São obrigadas a safar-se sozinhas”, explica o Pe. Emmanuel. “Embora o governo tenha decretado a gratuidade do ensino básico em 2006, infelizmente, a escolarização gratuita pouco passou de uma piada publicitária, de um fogo de artifício”, conta o salesiano. Muitas não frequentam a escola e têm de trabalhar. Outras são confiadas a familiares, amigos ou conhecidos, muitas vezes expostas a abusos e a maus-tratos ou abandonadas pelas famílias.  

São estas as crianças com que os Salesianos do Benim se deparam cada vez com mais frequência nas ruas. “Ao princípio – conta o Pe. Azagba –, acolhíamos as crianças que dormiam nos mercados ou na rua. Gradualmente, passámos também a acolher as crianças vítimas de tráfico”. 

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Crianças que, contra a sua vontade, foram levadas à força da sua aldeia, com a ilusão de que iriam frequentar uma escola na cidade ou viver com uma família rica noutra cidade ou noutro país. Mas o que as espera é a exploração, forçadas a trabalhar, por vezes, “sem pausas” e “sem se alimentarem corretamente”.   

Três das seis comunidades dos Salesianos do Benim cuidam de crianças em situação de vulnerabilidade. Em Porto Novo existe uma casa, aberta em 1995, com capacidade para 60 crianças. No ano 2000 abriram outra, com capacidade de 120 lugares. Em 2009 foram abertas três oficinas de formação: carpintaria, soldadura e mecânica de duas rodas. São acolhidos aqui quando se tornam estáveis e aceitam ir à escola ou aprender um ofício. Para alargar a oferta formativa, algumas crianças são encaminhadas para a empresa agro-pastoral aberta em outubro de 2009. Os salesianos abriram três postos de atendimento nos mercados de Dantokpa-Cotonou (2007), Ouando-Porto Novo (2010) e Sèmé-Kraké (2010), na fronteira com a Nigéria, onde dão orientação e atividades educativas.

Em 2007, lançaram um programa para crianças que trabalham e não frequentam a escola, para aprenderem a ler e a escrever. Os melhores fazem o exame para obter o Certificado de Instrução Primária em três anos, em vez dos seis anos do programa normal. E, em 2013, inauguraram em Djidjè-Cotonou, três oficinas de formação profissional: costura e bordado, carpintaria em alumínio e mecânica de duas rodas. Em Kandi, na sequência do aumento do tráfico de menores no norte do Benim, os Salesianos abriram um centro de acolhimento. E em Malanville, cidade de fronteira com o Niger, abriram outro posto de atendimento.

O Pe. Emmanuel está otimista em relação ao futuro, graças ao apoio da Província e à colaboração com outras instituições que se dedicam às crianças em risco. “Há muito que fazer para assegurar que os direitos das crianças sejam conhecidos e respeitados, para garantir a justiça social, a igualdade de género e a assunção de responsabilidades por parte dos pais. O futuro está na educação para mudar atitudes e comportamentos”.

Publicado no Boletim Salesiano n.º 599 de julho/agosto de 2023

Texto adaptado de Boletim Salesiano Itália, Texto: Adolphe Akpoué Coffi, Fotografias: Salesianos Benim

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