Ser voluntário…

Considero-me uma jovem que vive para os outros. Sei que é estranho dizer isto e até pode soar mal, mas é verdade e é o que sinto.

Sou animadora no Movimento Juvenil Salesiano (MJS) e voluntária na Fundação Salesianos, na Escola Sociodesportiva Mais Salesianos Funchal, onde trabalho com crianças. Até agora tenho adorado ser voluntária e tem-me ajudado imenso quer a nível pessoal quer a nível espiritual.

Ser voluntário não é fácil, é preciso ter paciência, entregar-se aos outros, aprender a dar sem receber… Nos primeiros tempos é complicado porque não estamos habituados a lidar com certas situações devido ao facto de não fazerem parte da nossa realidade. Gosto muito de trabalhar com aquelas crianças porque sinto que muitas vezes consigo dar-lhes o amor, a atenção e de, certa forma, a paz que às vezes lhes falta. E este sentir é muito bom!

Por vezes, não nos apercebemos que as pessoas que nos rodeiam precisam de nós. Estamos demasiado focados nas nossas vidas e esquecemo-nos que os outros existem. O voluntariado tem-me ajudado imenso ao longo do tempo e fui adquirindo a “capacidade” de olhar mais para os outros, aprendi a estar disponível e a entregar-me aos outros.

Para terminar, gostaria de fazer um convite. Se os jovens que lêem estas linhas tiverem a oportunidade de fazer voluntariado, arrisquem porque vai valer a pena!

Catarina, Funchal


Os “outros”…

No testemunho da Catarina chamou-me a atenção que a palavra mais repetida é “outros”. O voluntariado é de facto uma atividade que obriga a centrar o olhar do voluntário no outro mais do que em si mesmo.

Acredito, até, que esta possa ser a atividade que mais aproxima a pessoa daquilo que é a vida do próprio Jesus.

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Quem nos ensina a “dar sem receber”? Quem nos ensina a “ter paciência”?

E acima de tudo, quem é que nos ajuda a dar o salto e fazer de uma mera ação de voluntariado (um apoio ao estudo, uma distribuição de lanche… – reparem que apenas coloco hipóteses pois a Catarina não fez referência à sua atividade como voluntária na Escola Sociodesportiva) para um verdadeiro ato de amor: “sinto que muitas vezes consigo dar-lhes o amor, a atenção e de, certa forma, a paz…”.

Por fim, quero realçar que, na gratuidade do ato voluntário, é importante ter-se a consciência do que se recebe, para assim receber melhor e caminhar na direção d’Aquele que tudo fez por nós. É assim que a Catarina vive esta experiência, também como uma aprendizagem que a faz crescer e tornar-se mais próxima de Deus e dos outros.

Marta Figueira

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