Santo

São Francisco de Sales

Pastor cheio de zelo e mestre de caridade, Francisco de Sales inspirou Dom Bosco com seu humanismo otimista e sua dedicação absoluta ao cuidado pastoral das almas. Patrono dos jornalista e escritores católicos, São Francisco de Sales é celebrado a 24 de janeiro, dia em que o seu corpo foi trasladado para Annecy, em 1623, um ano depois da sua morte.

Fazei tudo por amor, nada por força. É melhor amar a obediência do que temer a desobediência.

S. Francisco de Sales

Primeiro de doze irmãos, São Francisco de Sales nasceu a 21 de agosto de 1567, no castelo de Sales, do condado de Sabóia. Os seus pais, a Condessa Francisca de Boisy e o senhor Boisy de Sales eram fiéis à Igreja Católica e frequentavam, assiduamente, a igreja paroquial de Sales para participarem nas celebrações.

Francisco recebeu dos seus pais uma educação rígida e austera. Com seis anos iniciou os seus estudos no Colégio de La Roche, localizado numa pequena aldeia a poucos quilómetros do castelo de Sales. Aí permaneceu durante dois anos e teve oportunidade de aprender a ler, a escrever, bem como de iniciar os seus estudos no latim. Seguiu depois para o Colégio de Annecy – onde estudavam as crianças de famílias distintas -, onde se manteve durante quatro anos.

Diligente nos estudos e um companheiro admirável, a formação inicial de Francisco contribuiu para estruturar a sua personalidade de humanista cristão, tão característica de São Francisco de Sales.

São Francisco de Sales

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Estruturar a vida espiritual

Foi exatamente em Annecy que viveu dois momentos fortes da sua vida espiritual. Aos dez anos fez a Primeira Comunhão e, nesse mesmo dia, o Sacramento da Confirmação.

Apesar de pertencer a uma família ilustre, com uma proposta de futuro voltada para as riquezas mundanas, apenas com 11 anos, nasceu em Francisco um profundo desejo de se consagrar a Deus e, assim pediu autorização ao pai para receber a tonsura (cerimónia da Igreja pela qual se recebia um corte de cabelo arredondado, que assinalava a renúncia às seduções do mundo e a escolha de Deus como herança). O pai, que tinha para ele outros projetos não ficou muito satisfeito, mas acreditando que ao longo dos tempos este desejo se iria desvanecer em Francisco, autorizou. Recebeu então a tonsura.

Em Paris

onde os estudos se consolidaram

Depois de uma infância serena, o pai enviou Francisco para Paris, para que ele pudesse continuar os seus estudos. Embora o pai preferisse que ingressasse no Colégio de Navarra – frequentado pelos nobres da Europa – Francisco insistiu que preferia optar pelo Colégio de Clermont, dirigido pelos Jesuítas.

Francisco frequentou dois anos de Retórica (línguas, gramática e literatura) e três de Filosofia. Teve contacto com o grego e o hebreu e foi equilibrando a influência dos autores clássicos com os padres. Os cadernos escolares de Francisco revelam um método de estudo único e uma profundidade de pensamento sem igual. Foi, certamente, um dos melhores alunos do seu tempo. Tentando sempre não ceder às tentações do mal, Francisco tinha sempre no seu horizonte a busca da perfeição: “De pouco me serviria ser sábio, se não me fizesse santo”, dizia.

Foi também aqui que experimentou algumas crises espirituais que tentou colmatar com a oração. Em Paris, Francisco pôde também estudar Teologia. Assistia às aulas, dialogava com teólogos e assistia às disputas doutrinais, que se realizavam na famosa Universidade de Sorbona.

Em Pádua

Com o objetivo de garantir que o filho completava uma educação digna da sua condição, o pai de Francisco decidiu enviá-lo para a Universidade de Pádua, para que pudesse estudar Direito. Mas os estudos não terminaram por aqui, uma vez que Francisco continuou também os seus estudos de Teologia. Escolheu como diretor espiritual o padre Possevin, jesuíta, que depois de o escutar concluiu que o jovem deveria orientar a sua vida para o sacerdócio.

Desejando, cada vez mais, tornar-se Santo, Francisco de Sales redigiu um programa de vida dividido em quatro partes e que englobava toda a sua atividade. Comprometia-se a viver em união com Deus, a ter todos os dias momentos fortes de oração, a conviver saudavelmente com os amigos e companheiros, a ser um estudante exemplar. Estudou as obras de S. João Crisóstomo, S. Jerónimo e Santo Agostinho. Contudo, as crises de fé continuaram a acompanhá-lo. Uma vez mais refugiou-se na oração confiante.

Em 1591, com os seus estudos já terminados, Francisco de Sales fez uma brilhante defesa da sua tese e são-lhes entregues os diplomas de doutor em direito canónico e direito civil.

Só me falta dizer-vos que o caminho mais seguro da santidade é o da humildade, simplicidade e mansidão;

S. Francisco de Sales

O regresso a casa

Ao regressar a casa Francisco foi recebido pelo pai com imensa alegria, que o designou de senhor de Villaroget, exigindo-lhe que tomasse esse título. Francisco tinha a certeza de que não era esse o caminho que o ia fazer feliz e confiou à sua mãe qual o caminho que julgava ser a sua vocação. O pai, que até já tinha uma noiva destinada ao seu filho, rejeitou terminantemente a vocação de Francisco, contudo o Santo mantinha-se firme na sua decisão.

Em 1593, Francisco de Sales foi nomeado Prior da Colegiada de Annecy. Partiu, não sem antes receber um abraço cheio de ternura do seu pai, que acabou por lhe dar a sua bênção. Francisco de Sales foi ordenado sacerdote a 18 de dezembro de 1593. Tinha 26 anos de idade. Tendo iniciado o seu sacerdócio em Annecy, Francisco dedicou-se, em especial, à pregação, ao ministério da Confissão e à visita aos doentes e aos pobres.

Uma nova caminhada

Depois de ter sido enviado para Chablais, com a dura missão de implantar a religião católica em todo o território, foi chamado pelo Bispo de Genebra – que cada vez estava mais doente – para ser seu coadjutor. Depois de partir para Roma, em 1598, foi nomeado bispo coadjutor, com o título de bispo de Nicópolis.

Durante alguns anos apoiou os párocos na organização das suas comunidades, manifestava-se como bom diplomata, vencendo importantes batalhas nas quais estava em causa o bem da Igreja. Foi também durante este período que foram publicadas algumas obras suas.

A 8 de dezembro de 1602 foi consagrado bispo de Genebra na igreja paroquial de Thorens, colocando nas mãos maternas da Imaculada Conceição os seus projetos futuros.

O novo Bispo de Genebra entrou solenemente em Annecy, a 14 de dezembro de 1602, falou ao seu povo apresentando-se como o bom pastor que está para servir e dar a vida. Francisco de Sales pretendia ser o Bispo que a Igreja necessitava nesses tempos de Reforma promovida pelo Concílio de Trento de 1545 a 1563.

Testemunhar com ações

A renovação da igreja começa no interior de cada um. Assim também entendeu Francisco de Sales. Passava os seus dias entre orações, estudos, eucaristias e muitas outras atividades. De destacar também a sua pobreza voluntária, bem como o seu testemunho de caridade.  A cada dia São Francisco de Sales levantava-se feliz por poder continuar a ser paciente e benigno para com todos, mesmo para com os que o insultavam.

Faz falta um coração corajoso.

S. Francisco de Sales

Atividade pastoral

Francisco de Sales foi um Bispo que teve de aplicar na sua diocese a reforma tridentina, empenhou-se profundamente nessa reforma. Deu grande importância ao ensino da catequese, no seu serviço pastoral, pois Francisco de Sales estava consciente da urgência de catequizar não só as crianças, mas também os adultos. Por isso, organizou a catequese e tornou-se, ele próprio, catequista. O bondoso bispo amava os seus sacerdotes e preocupava-se intensamente com a sua formação. Fundou, com Santa Joana Francisca de Chantal, em 1610, a Ordem da Visitação de Santa Maria em Annecy.

Uma vida de estudo e ação pastoral

Considerado o padroeiro dos escritores e jornalistas por causa do amplo uso que fazia de livros e folhetos e também pelos esforços que fez para converter os calvinistas da sua diocese. Escreveu sobre direção e formação espiritual, sendo as suas obras mais divulgadas a “Introdução à Vida Devota” (1608) e o “Tratado do Amor de Deus” (1616). São Francisco de Sales faleceu a 28 de dezembro de 1622, em Lyon. A sua festa litúrgica celebra-se a 24 de janeiro, dia em que foi sepultado na igreja do Mosteiro da Visitação em Annecy, ordem por ele fundada em 1610. Foi canonizado pelo Papa Alexandre VII, em 1665 e declarado doutor da Igreja pelo Papa Pio IX, em 1877.

Uma inspiração para D. Bosco

Pastor cheio de zelo e mestre de caridade, São Francisco de Sales inspirou Dom Bosco com seu humanismo otimista e a sua dedicação absoluta ao cuidado pastoral das almas. Por ocasião da sua ordenação sacerdotal, Dom Bosco escreve nas suas resoluções: “a caridade e a bondade de S. Francisco de Sales me guiem em tudo”. Em 1854, Dom Bosco declarou: “Nossa Senhora quer que criemos uma Congregação. Decidi que nos chamaremos Salesianos. Colocamo-nos sob a proteção de São Francisco de Sales, com a finalidade de participar da sua imensa amabilidade”. Em 1854, Dom Bosco deu o nome de “Pia Sociedade de São Francisco de Sales” ao primeiro pequeno grupo de 17 jovens que desejavam seguir os seus passos trabalhando pela juventude.