Embaixadores da Paz

Onde estão os embaixadores da Paz?

A humanidade já foi capaz de resolver conflitos pela ação extraordinária de pessoas comuns. Precisamos de voltar a ouvir e a falar de Paz.

O ano terminou com terríveis números de mortos, feridos, desaparecidos, deslocados, vítimas da guerra. A cada início de ano, recebemos da realidade em volta discursos e balanços, números e estatísticas, tantas vezes negativos, mas também esperanças, projetos, votos de felicidade e de prosperidade.

Podemos começar o ano a falar de Paz? Podemos ouvir as vozes que pedem a Paz com a mesma atenção que dedicamos aos discursos belicistas, de militares, de ministros da defesa, de comentadores? Não se trata de esquecer a realidade negativa, mas de recordar que a Humanidade quer a Paz.

“Sejam embaixadores da paz”

Num encontro, no ano passado, com crianças de vários países africanos no Vaticano, o Papa Francisco pediu embaixadores da Paz. “Pensemos num dos grandes desafios da vida: a luta pela paz. Vocês sabem muito bem que estamos a passar por momentos difíceis, com a nossa humanidade em perigo. Sejam embaixadores da paz, para que o mundo possa redescobrir a beleza do amor”, disse Francisco na ocasião. Diálogo, fraternidade, perdão e reconstrução são ideias quase sempre presentes nos discursos do Papa Francisco.

O Prémio Nobel da Paz de 1994 foi atribuído conjuntamente a Yasser Arafat, Shimon Peres e Yitzhak Rabin “pelos seus esforços para criar a paz no Médio Oriente”

Conhecemos o que fizeram Martin Luther King pelos direitos civis e contra a segregação racial nos Estados Unidos da América; Nelson Mandela pelo fim do “apartheid” na África do Sul; Wangari Maathai pelo desenvolvimento sustentável, paz e democracia no Quénia; Malala Yousafzai, a menina afegã que se transformou em ativista pelo direito à educação em resposta à violência de que foi vítima. No conflito entre a Palestina e Israel já foi possível negociar. Em 1994, o então primeiro-ministro israelita Yitzhak Rabin, o ministro dos negócios estrangeiros de Israel, Shimon Peres e Yasser Arafat, presidente da Organização de Libertação da Palestina, receberam o Prémio Nobel da Paz após a assinatura dos Acordos de Paz de Oslo, “pelos seus esforços para criar a paz no Médio Oriente”.

Leia também  Boletim Salesiano de Itália publica cartaz do Lema do Reitor-Mor
Outras vozes

E sabemos o que pensam e defendem os pacifistas dos dias de hoje?

Entre islarelitas e palestinianos também há vozes que apelam à coexistência pacífica e à resolução do conflito sem violência. Os “Combatentes pela Paz” são um grupo composto por pessoas de ambos os lados do conflito: antigos soldados israelitas que se recusaram a servir o exército nos territórios ocupados e antigos prisioneiros palestinianos que lutaram contra a ocupação. São vozes que defendem que, de ambos os lados, os interesses comuns devem levar ao diálogo, ao respeito mútuo e à Paz duradoura.

Na Serra Leoa foi criado um programa de formação para embaixadores da Paz para jovens escolhidos aleatoriamente em algumas comunidades. O objetivo é que os jovens possam ser, através da educação, defensores da Paz e promotores capazes de sensibilizar os seus pares e os líderes da comunidade.

Embaixadores da Paz
© UN Photo/Shareef Sarhan Faixa de Gaza, 2013: Crianças brincam num campo de férias da ONU financiado pela Finlândia

Na Ucrânia, por entre os apelos ao financiamento da guerra, também se ouvem os apelos ao diálogo. O Movimento Pacifista Ucraniano, que defende o direito de objeção de consciência para não participar nos combates, tem-se oposto à escalada do conflito, pede o cessar-fogo e conversações de Paz.

Caminhos de Paz

Recordamos algumas palavras da mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz, que este ano dedica aos temas da tecnologia, inteligência artificial e ética: “As aplicações técnicas mais avançadas não devem ser utilizadas para facilitar a resolução violenta dos conflitos, mas para pavimentar os caminhos da paz”.

E será admissível que governos e governantes continuem a ameaçar a humanidade com o uso de armas nucleares? Quando, em 2019, Francisco visitou Nagasaki e Hiroxima pediu a abolição do armamento nuclear, que classificou de “imoral”. “Este lugar torna-nos mais conscientes do sofrimento e do horror que nós, seres humanos, somos capazes de nos infligir”, lembrou.

Leia também  Centro Dom Bosco inaugura oficina de mecânica em Manágua, Nicarágua

Neste novo ano, precisamos de embaixadores da Paz e precisamos de falar de Paz.

Fotografia da entrada: UN Photo/Mark Garten: Em Chișinău, na República da Moldávia, crianças brincam no centro de acolhimento de refugiados

Publicado no Boletim Salesiano n.º 601 de janeiro/fevereiro de 2024

Torne-se assinante do Boletim Salesiano. Preencha o formulário neste site e receba gratuitamente o Boletim Salesiano em sua casa.

Faça o seu donativo. Siga as instruções disponíveis aqui.

Artigos Relacionados