Estado da Educação: a urgência de uma escola que não deixa ninguém para trás

O relatório “Estado da Educação 2024” divulgado, recentemente, pelo Conselho Nacional de Educação, mostra que, apesar dos progressos no sistema de ensino português, as desigualdades continuam a afetar, sobretudo, os alunos mais carenciados e os estudantes de origem estrangeira.
Ao olhar para este relatório confirmamos aquilo que vivemos, diariamente, nos nossos pátios e salas de aula: a urgência de uma escola que não deixa ninguém para trás.

Embora Portugal apresente, hoje, taxas de escolarização mais elevadas, menor abandono precoce e maior cobertura na educação pré‑escolar, o relatório alerta para o aumento das desigualdades e para a chegada de milhares de alunos estrangeiros que precisam de integração real. Nas presenças salesianas, isto não é novidade; é a nossa missão. Onde o relatório aponta “fragilidades sociais”, nós vemos a oportunidade de aplicar o Sistema Preventivo. Não respondemos apenas com “serviços”, mas com presença. Seja através do apoio social do SolSal ou do acompanhamento próximo das nossas equipas educativas, o nosso compromisso é garantir que, independentemente da origem ou da condição económica, cada aluno se sente “em casa”.

O documento põe em evidência um desequilíbrio existente no nosso país: a maioria dos alunos segue o ensino regular, desvalorizando a via profissionalizante. Os Salesianos têm uma outra visão. A nossa tradição mostra-nos que o ensino profissional é uma porta de excelência para o futuro e, também, para o emprego. Assim, em todo o mundo, continuaremos a apostar em cursos profissionais, cm o intuito de reforçar a formação profissional e as oportunidades de emprego, formando “honestos cidadãos e bons cristãos”. A Don Bosco Tech Europe, por exemplo, coordena e reúne, atualmente, em 22 países da Europa e da bacia do Mediterrâneo, mais de 211 Centros Salesianos de Formação Profissional, com 86.200 alunos e 7085 funcionários de Ensino e Formação Profissional.

O relatório pede, também, uma reinvenção da escola, para os Salesianos, o futuro constrói-se com a pedagogia do afeto, pois a educação é “coisa do coração”. Mais do que “alunos”, acompanhamos pessoas, construímos vida. Contra a indiferença ou o abandono, oferecemos uma comunidade que escuta, que acolhe e que capacita.

Como sonhou Dom Bosco, as nossas escolas continuarão a ser espaços onde ninguém é invisível e onde cada jovem descobre que a sua vida é um projeto de esperança.

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