Imagina-te numa grande ponte. À tua frente, um horizonte desconhecido, iluminado por um sol dourado que anuncia um novo começo. Esta ponte é o Jubileu, um tempo especial, um convite à transformação. Este tempo especial, proclamado pela Igreja, tem raízes profundas na Bíblia e na história, sendo um chamamento à renovação espiritual e comunitária. Mas o que é, afinal, o Jubileu?
A palavra vem do hebraico “yobel”, ligada ao toque do chifre de carneiro que anunciava o início do ano jubilar no Antigo Testamento. Era um tempo de libertação, perdão e justiça: as dívidas eram perdoadas, os escravos libertados, e a terra voltava aos seus donos originais. Era uma oportunidade de recomeço, onde a harmonia e a igualdade eram restauradas.
No cristianismo, o Jubileu foi adaptado com um significado espiritual mais profundo. O primeiro Ano Santo foi proclamado pelo Papa Bonifácio VIII, em 1300, como um tempo de peregrinação, indulgências e reconciliação com Deus e com os irmãos. Desde então, tornou-se uma prática celebrada periodicamente, especialmente em momentos importantes da história da Igreja.
Mas o Jubileu não é apenas um evento do passado. É profundamente atual, especialmente para ti!
Esta travessia é mais do que caminhar por uma ponte. É uma peregrinação, uma jornada com sentido. A palavra vem do latim peregrinus, que significa viajante ou estrangeiro, alguém que deixa o seu lugar para buscar algo maior. E, no fundo, não somos todos peregrinos? Estamos sempre a caminhar, em busca de um “nós” melhor: uma versão mais plena de quem somos e uma ligação mais forte com os outros e com Deus.
O Ano Santo é o momento de abraçares esta viagem. À medida que caminhas, vais encontrando sinais que te mostram o caminho. O primeiro é o perdão que te convida a deixar para trás o peso das mágoas, as culpas e os erros. Perdoar é como libertar as tuas asas para que possas voar mais alto.
Outro sinal é o amor em ação. Nesta peregrinação, és chamado a olhar para quem caminha ao teu lado, os que precisam de ajuda, os que procuram um sorriso ou uma palavra de coragem. Cada gesto de solidariedade é um tijolo que constrói o “nós” que sonhamos.
E o destino desta ponte? É o reencontro com Deus. Ele está contigo em cada passo, não apenas à tua frente como destino, mas ao teu lado, como força que te sustenta. Deus sonha contigo este “nós” melhor — mais unido, mais justo, mais amoroso.
O Ano Santo é um convite para começares esta jornada. Não precisas de percorrer longas distâncias. Basta o primeiro passo dentro de ti. Faz da tua vida uma ponte para os outros, uma estrada de fé, esperança e amor.
Porque, no final desta viagem, vais descobrir que não chegaste apenas ao teu melhor Eu, mas ao melhor Nós. Boa peregrinação!
* Diretor Pedagógico dos Salesianos do Porto
Ilustração: Sónia Borges
Publicado no Boletim Salesiano n.º 607 de janeiro/fevereiro de 2025
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