Centro de formação para invisuais dos Salesianos da Tailândia: O dom da luz

Os Salesianos de Dom Bosco gerem desde 1978 o Centro de Aperfeiçoamento das Competências para invisuais em Pakkred, na Província de Nonthaburi, na Tailândia, onde os jovens recebem formação profissional de base em horticultura, artesanato e massagem tradicional tailandesa.

O início da presença dos Salesianos neste Centro foi humilde. Em 1978 a Fundação para Invisuais da Tailândia – organização sem fins lucrativos, criada há quase 80 anos por uma jovem católica americana invisual, Geneviève Caulfield, que tem o patrocínio da Rainha da Tailândia – e os Salesianos de Dom Bosco estabeleceram um acordo. Os Salesianos, na pessoa do Pe. Gustav Roosens, belga, e do Pe. Charles Velardo, italiano, assumiram oficialmente a gestão do Centro de Formação Profissional para Invisuais da cidade de Nonthaburi. O facto não seria extraordinário, à parte o tratar-se de um campo inexplorado para os Salesianos.

Estudantes em formação

Os primeiros invisuais que pediram ajuda ao Centro vinham de todo o país, tinham idades entre 15 e 35 anos, e deficits de visão muito variados. À época, encontrar uma ocupação na sociedade era muito difícil. A primeira iniciativa empreendida pelos Salesianos foi criar o “ambiente de família”, tão querido a Dom Bosco, e a confiança entre Salesianos, pessoal e jovens. De início não foi fácil, tentativas e erros exigiram um certo tempo, antes de se vislumbrar para os estudantes um futuro melhor. Ao fim de um período de adaptação, de harmonia com o novo rosto que o Centro estava a assumir, o próprio nome do Instituto mudou: de Centro de Formação Profissional passou a chamar-se Centro de Aperfeiçoamento das Competências.

Ajudar os invisuais a aperfeiçoar as suas capacidades é a filosofia: cada invisual dispõe de capacidades que, se adequadamente desenvolvidas, podem permitir uma vida normal, digna e autónoma. O primeiro aspeto a considerar é, portanto, incrementar a autoestima e a confiança dos alunos em si mesmos. A primeira reação que se segue à perda de vista, especialmente quando a causa é um acidente, é o desânimo. «Seguindo os princípios católicos e o amor que provém de Jesus Cristo, ajudamos jovens com deficit de visão a viver bem em sociedade, de modo digno», declara o Salesiano Suwan Jutasompakorn, diretor do  Centro. Suwan explica que todos os anos são admitidos cerca de 30 novos alunos invisuais de todo o país. Neste momento o Centro é frequentado por 27 alunos do primeiro ano e 28 do segundo. A maior parte dos alunos são budistas, com exceção de um muçulmano. 60% dos alunos são invisuais de nascença. Os restantes 40% perderam a visão em acidentes. Estes alunos precisam de tempo para se adaptar a um novo modo de viver.

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O Centro de Aperfeiçoamento das Competências desenvolve a dupla função da reabilitação e da formação profissional de base. O reabilitação vai desde a recuperação das funções físicas, com uma reabilitação médica sobretudo na área da oftalmologia, graças aos serviços de médicos qualificados, até ao apoio psicológico oferecido por psicólogos habilitados de uma universidade vizinha.

De pé o salesiano Suwan Jutasompakorn, diretor do Centro

O Centro oferece três cursos de base complementares entre si: horticultura, artesanato e massagem tradicional tailandesa. A maior parte dos alunos é orientada para a massagem tradicional tailandesa, profissão mais bem remunerada e com alta qualidade do serviço prestado. Nas instalações do Centro existem três salas de massagens para o serviço ao público. As competências mostradas pelos alunos conquistaram a confiança do público, havendo até dificuldade em receber todos os candidatos a massagistas invisuais. Os resultados são muito positivos, com empregabilidade garantida no final da formação.

Apesar dos sucessos atingidos, o centro continua à procura de novos caminhos para o pleno reconhecimento das capacidades dos invisuais por parte da sociedade tailandesa.

Com uma boa formação, o futuro não parece tão sombrio. A base em que tudo assenta é o “espírito de família” que reina no Centro. Os Salesianos encarregados da sua gestão estão empenhados na importante e maravilhosa tarefa de criar um clima de recíproca estima e confiança entre o pessoal e os alunos invisuais. Os estudantes não são apenas residentes temporários do Centro, mas consideram que esta é a sua casa.

Os alunos reconhecem-no. «Suwan encorajou-me sempre. A minha mãe, o meu irmão, os meus pais, o professor e todo o pessoal de Centro, foram como uma luz na escuridão da minha vida. Quero dizer a todos os que se confrontam com uma situação idêntica à minha que não desanimem nem percam a esperança», afirma um aluno. «Quando penso em Suwan, o diretor do Centro, vêm-me à mente as palavras encorajamento, gentileza e educador», explica outro. Sawien Ngamsaeng, 53 anos, foi aluna em 1982 e ensina massagem tailandesa no centro desde 1990. «Os portadores de deficiência visual são fortes como os outros, mas no mundo do trabalho não são aceites como os outros. Graças a este Centro, tive uma oportunidade e quis aqui voltar para dar o meu contributo». 

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Texto: Andy Dal/BS Tailândia/BS Itália

Publicado no Boletim Salesiano n.º 577 de Novembro/Dezembro de 2019

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