Gambella, Etiópia: Os mais pobres do mundo

Na paróquia de Pugnido, região de Gambella, na Etiópia, trabalham dois salesianos: o padre Filipe Perin, que ali vive e trabalha há três anos, e o padre Jorge Pontiggia, há 27 anos na Etiópia.

A aldeia de Pugnido está situada na região de Gambella no extremo ocidental da Etiópia, incrustada em grande parte no Sudão do Sul. Carateriza-se por um clima muito quente e uma seca geral, exceto nos meses das chuvas, entre julho e meados de outubro. A temperatura é sempre muito quente, nunca desce abaixo dos 20.º e nos meses de março e abril atinge picos de 50.º.

A região de Gambella é das mais pobres da Etiópia e, considerando que a Etiópia é um dos 10 países mais pobres do mundo, o nível de desenvolvimento é realmente muito baixo. Nas zonas citadinas, o desemprego é elevado. Para quem consegue encontrar trabalho, o salário normal diário anda à volta de um euro. A subalimentação está largamente difundida, bem como as doenças a ela associadas, a malária e a tuberculose. A taxa de mortalidade infantil ronda os 200 em cada mil nascimentos e a média de esperança de vida é de 42 anos. Só 14% da população tem acesso a água potável. A cerca de 110km a sul de Gambella, situa-se a localidade de Pugnido, onde os Salesianos de Dom Bosco têm uma missão.

Pugnido conta com cerca de 10 mil habitantes, quase todos de etnia Anyuak, exceto os comerciantes que na sua maioria são de origem etíope. As pessoas vivem sobretudo das ajudas que as Nações Unidas distribuem nos campos de refugiados e às povoações locais. Todos os meses há distribuição de alimentos, óleo, sabão e outros bens.

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Não faltam aventuras nas visitas dos salesianos às aldeias, como os encontros com um enorme crocodilo de cinco metros, Nyang, nas travessias do rio; ou com leões em estradas florestais. Mas depois vem o mais bonito, que é o encontro com as pessoas, com crianças e jovens que vão à catequese, à oração, à reunião. Muitas aldeias estão isoladas grande parte do ano, sobretudo na estação das chuvas, quando o rio alaga a floresta e as vias de acesso. Naquele período é difícil encontrar alimento, resta só o peixe do rio; as poucas escolas e clínicas fecham, por falta de professores, de médicos, de medicamentos. Uma vida muito difícil e muito pobre.

Em Pugnido o trabalho dos missionários de Dom Bosco visa a evangelização e a promoção humana da população local, com especial atenção às crianças e aos jovens.

A missão salesiana inclui uma paróquia central com um oratório muito ativo e onze estações missionárias periféricas, visitadas periodicamente e às quais, com frequência, só se tem acesso de barco pelo rio. O oratório, em particular, representa um ponto de referência para as crianças e jovens da zona. Está sempre cheio, sobretudo de tarde, com sala de jogos, quatro matraquilhos e cinco mesas de pingue-pongue, rodas de cavalinhos para os mais pequenos, torneios de futebol para os rapazes e de voleibol para as raparigas.

A presença salesiana em algumas aldeias serve de apoio e de encorajamento, procurando com a catequese e a oração a Deus reavivar sempre a fé, com a criação de oratórios itinerantes para as crianças e rapazes, com bolas, campos, jogos. Os salesianos também desenvolvem ajudas concretas às aldeias com alguns poços de água potável, moinhos para fazer a farinha, uma barca para levar algum doente a Pugnido.

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Há também o trabalho nos campos de refugiados, com seis comunidades cristãs, visitadas periodicamente, sobretudo ao domingo. São várias igrejas de madeira, entre lama e ervas. Aqui os salesianos trabalham com os catequistas para ajudar o maior número possível de pessoas, antes de tudo escutando os seus problemas: falta de alimento para as crianças, de um futuro para os rapazes pelo menos na escola, de um trabalho para os maiores. Não faltam só as coisas materiais, mas também a esperança no futuro, ninguém quer ficar para sempre num campo de refugiados. Muitas vezes, perante todas estas necessidades, sentimo-nos como uma gota de água no oceano, mas nós trabalhamos pelo reino dos céus, um reino dos corações que supera todas as dificuldades e problemas e chega até aos confins do mundo. 

Texto adaptado de Boletim Salesiano Itália. Publicado no Boletim Salesiano n.º 571 de Novembro/Dezembro de 2018

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