Capítulo Geral 29: Momento de mudança e renovada valorização dos coadjutores

Um mapa: “Para quem será tudo o que viveste?”

Ecoando o evangelho de Lucas, capítulo 12, versículo 20, que nos interpela de outra maneira sobre o sentido profundo da nossa existência, encorajo-me a perguntar a mim mesmo e a estender essa pergunta a vocês: quem se beneficiará com a nossa vida, com todas as experiências que o Senhor nos dá a possibilidade de viver dia após dia?

Certamente uma pergunta que nos leva a nos concentrarmos em como estamos vivendo o que nos cabe, o que nos acontece, o que fazemos com a multiplicidade de experiências que temos.

Ao atravessar este ano jubilar, como alguém que se sabe parte de um grande povo que precisa renovar-se, como alguém que anseia ser peregrino conhecendo a origem e o destino do caminho, atrevo-me a partilhar algumas ressonâncias do que foi vivido no CG29 e o que foi e continua a gerar nos nossos irmãos, nas nossas comunidades locais, que se atrevem a perguntar: como viveste isso? Como foi a experiência? O que aconteceu?

«Ocupemo-nos com renovado ardor dos jovens, dos estudantes, dos noivos, das novas gerações. Que haja proximidade com os jovens, que são a alegria e a esperança da Igreja e do mundo!”, dizia-nos Francisco na carta de convocação para este nosso jubileu «Spes non confundit», «a esperança não defrauda» (Rm 5,5). Viver um CG neste contexto ajuda-nos a conectar-nos rapidamente com a nossa vocação, com o nosso chamado a dedicar-nos aos jovens. A partir daí, poder ler o que vivemos é uma graça, porque vamos carregando de sentido o que aconteceu. É uma chave que orienta o nosso norte. Dar um rosto concreto ao CG 29 com a vida de tantos rapazes e raparigas que hoje estão nas nossas vidas e daqueles que ainda não chegámos, ajuda-nos a encarnar e a continuar a tornar atual o nosso carisma. Considero que esta forma de querer aproveitar o que vivemos me ajudou muito. Ir como peregrino às nossas origens, ao lugar onde nascemos como família carismática, para encontrar os meus irmãos e o meu Pai, levando tantos nomes e tantos rostos, deu e dá um sentido único. Ocupar-se com renovado ardor dos jovens foi o desafio do nosso capítulo, e continua a sê-lo, porque a partir daí nos animamos a dedicar dois meses, que se prolongam e precisam de se expressar nas tarefas quotidianas. Olhar novamente para a nossa identidade torna-se necessário porque a missão que Jesus nos deu em Dom Bosco nos desafia e exige de nós novidade, processos partilhados, humildade renovada.

Um mapa: “Para quem será tudo o que viveste?”
Lucas Mario Mautino, Salesiano da Argentina

«E existe um caminho conjunto em direção a Deus, um caminho missionário, em saída, «corações ardentes e pés em caminho», partilhou connosco no dia da inauguração a Irmã Simona Brambilla. Olhar para a CG 29 com estas coordenadas ajudou-me a situar-nos como parte viva de uma Igreja que quer sair ao encontro, que procura caminhar junta, com tudo o que implica o caminho junto com os outros: esperar-nos, reconhecer-nos, olhar-nos, encontrar-nos, acordar descansos, momentos de marcha, estar atentos aos que vão mais depressa, mais devagar, e reconhecer-nos irmãos no caminho. E, especialmente, encontrar-nos nesse caminho e não noutro, com Jesus que se faz presente, acompanha, sustenta e devolve a esperança. Bela missão que se transfere para as nossas comunidades e quer renovar-nos. Este capítulo, como possibilidade de retomar a marcha e voltar a ouvir-nos com atenção, reconhecendo a presença do Espírito que se aproxima, nos fala e nos acompanha, é uma das contribuições que guardo e partilho com os meus irmãos e com os jovens.

«Até agora, caminhámos sempre com segurança; não podemos errar: é Maria que nos guia», recordava-nos Pe. Stefano esta frase que remonta ao dia da solenidade da Imaculada Conceição de 1887, quando, dois meses antes da sua morte, Dom Bosco disse a alguns salesianos que, comovidos, o olhavam e ouviam. É outra das certezas que continua a ressoar em mim: a necessidade de nos comovermos leva-nos ao Evangelho; quando há compaixão, abrem-se novos caminhos, há novas possibilidades, há transformações. O CG ajudou-me a deixar-me comovido diante da realidade de tantos jovens que hoje, como congregação, queremos continuar a ajudar. Ouvir as boas noites, as homilias partilhadas, as conversas nas comissões, à mesa, faz-me ver a universalidade do carisma que quer continuar a ser uma resposta fiel e criativa ao que a realidade juvenil nos pede hoje. Se há compaixão, há evangelho, há encarnação, há pastoral. Maria é nossa mãe e guia, nossa mestra para que o nosso carisma continue a ser hoje frescor para muitos jovens, especialmente para aqueles mais vulneráveis na sua dignidade de filhos e filhas de Deus.

O Pe. Fabio, o nosso reitor-mor, dizia-nos: «O Documento Final aprovado servirá como mapa de navegação para os próximos seis anos». Que bom é poder ir ao CG 29 sem trazer soluções prontas, receitas concluídas, mas sim um mapa. E não qualquer mapa, mas o mapa de um tesouro, que nos devolve o sentido da missão que recebemos no sonho dos 9 anos: caminhar ao lado dos jovens para levá-los à pessoa do Senhor Ressuscitado, para que cresçam como boas pessoas, homens novos. Bela é a nossa vocação, cheia de sentido, que nos convida a continuar a ler, a interpretar, a discernir, a rezar junto com as nossas comunidades locais, com os jovens, este mapa que conduz à vida verdadeira, em abundância, ao pátio eterno.

Publicado no Boletim Salesiano n.º 611 de setembro/outubro de 2025

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