As Ideologias, a Comunicação Social e a Educação

Ciclicamente assistimos a crises da Comunicação Social que levam ao encerramento de certos órgãos (jornais, revistas, rádios, etc.) por questões “económicas”. Lamenta-se sempre que tal aconteça, pois uma sociedade livre e plural deve ter várias fontes de informação e de orientações variadas. Muitas podem ser as causas apontadas a esses insucessos económicos – o povo português não lê, nem compra jornais, estamos na era do digital, houve má gestão, etc. Falo essencialmente dos jornais e revistas de informação e opinião que se publicam em papel.

E, lendo alguns destes jornais ou revistas quantas vezes nós perguntamos – Porquê toda esta ideologia subjacente? Desde o editorial à mais pequena notícia, tudo está “minado” por uma “ideologia”.

Referimos o conceito de ideologia (tal como o tem apresentado o Papa Francisco), como a construção mental, de ideias pré-concebidas e desligada da realidade. A ideologia cria uma “realidade dela própria”. A partir da qual lavra um discurso dirigido a um determinado fim.

A “ideologia de género” é talvez a mais marcante do nosso tempo. Terá interesse para algumas pessoas, mas para a larga maioria das pessoas é-lhes indiferente o tema. É uma não questão.

No entanto, abrimos uma revista, ou vimos apenas as suas capas e, lá estão as questões do “género”, como se de uma “catequese” se tratasse, com vários artigos, “informações” casuais, etc.

As ideologias caraterizam-se também por dois outros fatores – criam uma linguagem própria (género em vez de sexo, IVG em vez de aborto, amor intergeracional em vez de pedofilia, etc., etc.) e organizam uma propaganda própria (veja-se o Nazismo, o Facismo ou o Estalinismo – e os grandes eventos de propaganda) que dissemina os ditames da ideologia.

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O século XX, caraterizado pelas grandes ideologias acima referidas não teve ao seu dispor a máquina da Comunicação Social, usou diretamente o Poder. O Século XXI tem este aliciante de que quem controla as agências de Comunicação e a Comunicação Social (também é Poder) difunde facilmente a Ideologia.

E, como já referimos, basta ver telenovelas, filmes, revistas, jornais, etc. para nos confrontarmos com essas posições ideológicas que até são chamadas “fraturantes”.

Porém, há um cansaço evidente com este forçado, este imposto, este vendido a qualquer preço, pacote ideológico. Por vezes, há mesmo uma revolta contra a agressividade desta Comunicação Social que se empenha na ideologia. Note-se que nem toda a Comunicação Social tem este registo. E bem.

A comunicação depende do emissor e do recetor. Quando o emissor tem como principal objetivo “modelar” a mente do recetor este pode (e deve) revoltar-se.

O episódio ultimamente vivido dos “livros para meninos” e “livros para meninas” (Porto Editora) mostra bem como a Comunicação Social está determinada (e o Governo também) nesta “ideologia”. Talvez essa Comunicação Social considere que teve uma vitória (por ora) mas… o futuro…

Será mesmo uma vitória da liberdade? Ou é um Estado que já se tornou ele próprio um Estado ideológico, totalitário e ao serviço de certas minorias?

E, também por isso, os jornais, as revistas vão à falência, deixam de se vender e acabam. Os profissionais que neles trabalham ficam felizes com o seu fim? Cumpriram a sua função? As Direções tiveram consciência do público a que se dirigiam? Certamente que sim, mas a ideologia ofusca e fala mais alto.

Está a civilização dos Direitos Humanos a ser acautelada?

Como educamos os nossos filhos nesta ausência de verdade e de realismo?

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Há uma Natureza que forma o Homem e que lhe dá a Dignidade em qualquer circunstância. “Modelar” essa essência do Homem é torná-lo de “plasticina”. Torna a pessoa uma “marioneta”.

Há uma proteção devida aos mais novos, aos nossos filhos. Queremos que sejam meninos e meninas de M grande. Educados na sua identidade.

A verdade impõe-se, porque liberta. A ideologia sufoca o eu, e a liberdade.

Bom ano escolar! 

Originalmente publicado no Boletim Salesiano n.º 564 de Setembro/Outubro de 2017

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