5.º Dia Mundial dos Pobres: A pobreza não é fruto do destino, é consequência do egoísmo

«Sempre tereis pobres entre vós», do Evangelho de S. Marcos, é o título da Mensagem do Papa Francisco para o 5.º Dia Mundial dos Pobres.

A frase que dá o título à mensagem para o 5.º Dia Mundial dos Pobres é do episódio narrado por S. Marcos (Mc 14, 7), em que Jesus, “alguns dias antes da Páscoa”, se encontra em Betânia, em casa de Simão, e é surpreendido pela entrada de uma mulher que traz consigo um vaso cheio de perfume e o derrama sobre a cabeça de Jesus.

O gesto é criticado pelos presentes, mas em Jesus gera “empatia”. Judas, indignado, pergunta porque não se vendeu o perfume e se deu o dinheiro aos pobres. Jesus interpreta o gesto da mulher como simbolizando a sua unção. Jesus sabe que a sua morte está próxima. “E vê, naquele gesto, a antecipação da unção do seu corpo sem vida antes de ser colocado no sepulcro”, explica o Papa Francisco. A mulher, anónima, com aquele gesto, mostra que ela compreendeu o “estado de espírito” de Jesus. Jesus explica aos presentes “que Ele é o primeiro pobre, o mais pobre entre os pobres, porque os representa a todos. E é também em nome dos pobres, das pessoas abandonadas, marginalizadas e discriminadas que o Filho de Deus aceita o gesto daquela mulher”, continua Francisco na sua mensagem. E Jesus diz: «Em verdade vos digo: em qualquer parte do mundo onde for proclamado o Evangelho, há de contar-se também, em sua memória, o que ela fez» (Mc 14, 9).

Na reflexão do Papa Francisco, este episódio narrado pelo Apóstolo “inaugura a significativa presença de mulheres que participam no momento culminante da vida de Cristo: a sua crucifixão, morte e sepultura e a sua aparição como Ressuscitado”.

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Para Francisco, esta proximidade de Jesus ao gesto desta mulher inaugura “um fecundo caminho de reflexão sobre o laço indivisível que existe entre Jesus, os pobres e o anúncio do Evangelho”. Francisco reforça: “Toda a obra de Jesus afirma que a pobreza não é fruto duma fatalidade, mas sinal concreto da sua presença no nosso meio”.

As palavras de Jesus, «sempre tereis pobres entre vós», indicam precisamente que não pode haver indiferença. São um convite à ação, a fazer o bem.

O Papa recorda que o Evangelho impele a essa ação a favor dos mais pobres, e mais, a reconhecer na sociedade que condições levam à pobreza. E afirma: “assiste-se à criação incessante de armadilhas novas da miséria e da exclusão, produzidas por agentes económicos e financeiros sem escrúpulos, desprovidos de sentido humanitário e responsabilidade social”.

Francisco escreve: “Os pobres não são pessoas «externas» à comunidade, mas irmãos e irmãs cujo sofrimento se partilha, para abrandar o seu mal e a marginalização, a fim de lhes ser devolvida a dignidade perdida e garantida a necessária inclusão social. Aliás sabe-se que um gesto de beneficência pressupõe um benfeitor e um beneficiado, enquanto a partilha gera fraternidade. A esmola é ocasional, ao passo que a partilha é duradoura. A primeira corre o risco de gratificar quem a dá e humilhar quem a recebe, enquanto a segunda reforça a solidariedade e cria as premissas necessárias para se alcançar a justiça”.

Leia a Mensagem do Papa Francisco para o 5.º Dia Mundial dos Pobres na íntegra aqui.

O Dia Mundial dos Pobres foi estabelecido em 2016 com a Carta Apostólica Misericordia et Misera, publicada no final do Ano da Misericórdia, e é uma chamada de atenção para a pobreza e a desigualdade que convoca a Igreja a colocar esta questão no centro da sua atenção e ação.

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