34.ª Jornada Mundial da Juventude: Com o Papa e com Dom Bosco no Panamá

De três em três anos o Papa convoca os jovens de todo o mundo para o maior encontro juvenil do planeta, este ano no Panamá, entre 22 e 27 de janeiro. A capital do país está numa encruzilhada de continentes e oceanos. Com um pé na América do Sul e outro na América do Norte, um pé no Atlântico e outro no Pacífico. Um povo por isso habituado a acolher gente de todo o mundo e que acolheu muito bem os peregrinos da Jornada Mundial da Juventude.

Para os membros da Família Salesiana, a cidade do Panamá – capital do país que assumiu o mesmo nome – é muito especial pelo carinho que toda a cidade tem por Dom Bosco. Há igrejas dedicadas a Dom Bosco, bairros com o seu nome, estações de Metro, e sobretudo o amor pelo fundador dos Salesianos, que ficou também expresso na escolha de Dom Bosco para patrono desta Jornada.

O Pe. Juan Freitas recorda um exemplo. “Numa das aventuras no Panamá, tive de apanhar um táxi. Aleatoriamente pus-me na estrada, vi um táxi e mandei parar… Entro, digo para onde quero ir… e começa a conversa… Quando o taxista percebe que sou Salesiano, um padre de Dom Bosco, tudo muda de figura e começa a falar-me de Dom Bosco, da grande procissão que fazem no Panamá, da relíquia que está na Basílica de Dom Bosco, da festa que costumam fazer, das escolas profissionais dos Salesianos, deste e daquele Salesiano que conheceu e, claro, da imagem de Maria Auxiliadora que leva na carteira”.

“Foi a primeira vez que a JMJ foi realizada na América Central, daí o acolhimento fantástico e o carinho do povo panamenho por todos os peregrinos”, concorda Fátima Pereira, animadora dos Salesianos de Poiares, que também acompanhou o grupo de 18 jovens dos Salesianos do Estoril e dos Salesianos de Manique (Bicesse) que esteve no Panamá com o Papa Francisco, acompanhado pelos salesianos Pe. Juan e Pe. Sílvio Faria. “No Panamá fomos todos acolhidos em casas de famílias que nos deram o exemplo de humildade e nos ensinaram a acolher com simplicidade”.

Igreja viva e jovem

O sentimento do grupo depois das jornadas é de gratidão pela experiência dos dias vividos centrados em Jesus, vivendo em comunidade, oração, partilha, que deixou marcas muito positivas.

António Matos, colaborador da Pastoral dos Salesianos de Lisboa que integrou o grupo de jovens voluntários desta jornada, tem a mesma opinião. “No Panamá vi, no meio de tudo, corações centrados n’Aquele que realmente é essencial”, recorda. “Do Panamá trouxe também um coração alegre por ter sentido e tocado a Igreja, na sua comunhão. A Igreja portadora de um tesouro, por vezes difícil de entender, que é a sua unidade e diversidade, que não se anulam mas que se aumentam uma à outra. A Igreja diversa e una, sentada à volta de Pedro. No princípio como agora, o essencial da experiência da Igreja é o mesmo. No princípio como agora o motivo para estar em Igreja é o mesmo: o encontro pessoal e comunitário com Cristo ressuscitado”.

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No Panamá, os jovens participaram nos encontros promovidos pela Igreja portuguesa e pelo Movimento Juvenil Salesiano mundial, acompanhado pelo Reitor-Mor e pela Madre-Geral das FMA. O grupo pôde ainda cumprimentar o Presidente da República Portuguesa

Para Inês Ribeiro, antiga aluna dos Salesianos de Manique, a experiência trouxe crescimento, tanto a nível pessoal como espiritual. “O verdadeiro desafio não é durante as jornadas, é quando chegamos a casa. Pôr mãos à obra. Não ter medo de construir pontes num mundo onde há cada vez mais guerra. Ser construtor da paz”.

“Ouvir os seus testemunhos nestes dias após a chegada é algo que até nos comove”, conclui o Pe. Juan.

Ao longo da semana, o grupo participou em várias catequeses de língua portuguesa, orientadas por Bispos, com vários temas da atualidade. “Foram tantos os momentos que é difícil descrever todos eles. O acolhimento caloroso e emocionado da Imagem Peregrina de Fátima por toda a comunidade paroquial de igreja de Nossa Senhora de Lourdes. O convite para estarmos no palco, isto é, mais pertinho do Papa, a participar na vigília e na missa de envio, foi para nós um privilégio que nos encheu de alegria e nos permitiu ver e sentir que a Igreja é viva e jovem”, conclui Fátima Pereira.

A participação na festa mundial do Movimento Juvenil Salesiano, conviver, rezar e estar em Família Salesiana e também ouvir a Boa-Noite do Reitor-Mor, Pe. Ángel Fernández Artime, e da Madre-Geral das Filhas de Maria Auxiliadora, Ir. Yvonne Reungoat, foram momentos especiais. Outro momento que emocionou e surpreendeu o grupo foi a visita à Basílica de São João Bosco, onde está exposta a relíquia de S. João Bosco e também uma réplica da Casetta dos Becchi. Fátima recorda o momento “muito emocionante”. “Parámos, rezámos, cantámos, chorámos e fizemos silêncio. Estávamos em casa. Realmente uma felicidade”.

A Basílica de São João Bosco e a Relíquia de São João Bosco foram visitadas nos dias da Jornada pelos alunos salesianos e pelos membros da Família Salesiana presentes no Panamá 

A Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima 

De cima para baixo: Vasco e Fátima, Inês, Pe. Sílvio e Pe. Juan. Em baixo os voluntários portugueses com o Bispo da Diocese do Panamá, D. José Domingo Ulloa Mendieta. Da esquerda para a direita, António é o segundo 

“Os jovens são o agora de Deus”

Vasco Franco, aluno dos Salesianos do Estoril, destaca um momento das JMJ. “A frase que me marcou mais foi dita pelo Papa. «Os jovens não são o futuro, são o presente. São o agora de Deus». Esta visão muda tudo”. “Descrever emoções com palavras é um trabalho ingrato, sinto que me falta sempre algo”, explica Vasco. “O melhor que posso dizer é que vão todos às próximas JMJ como participantes, como voluntários ou como famílias de acolhimento”. Fátima e Inês concordam. “Parti para o Panamá a medo”, confessa Inês, “mas com a certeza de que ia ser uma das melhores experiências da minha vida”. “Acho que todo o jovem deveria participar pelo menos uma vez na vida numa JMJ, é um encontro de fé, é uma experiência forte de Deus, que nos transforma e converte”, conclui Fátima.

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Ligados ao Panamá

Em Portugal, o “Panamá in Douro” e o “Panamá in Lisbon” permitiram acompanhar num ambiente especial o programa dos dois últimos dias da Jornada com o Papa Francisco. Em Gondomar, no Pavilhão Multiusos, os grupos dos Salesianos de Mirandela e das Salesianas de Arcozelo e de Paranhos da Beira uniram-se ao “Panamá in Douro”, encontro organizado pela Diocese do Porto que juntou cerca de 2 mil jovens.

Nos Salesianos de Lisboa, várias dezenas de jovens acompanharam as atividades propostas pela pastoral. Experimentaram o que é ser jovem e fazer parte da Igreja. Catequeses, workshops, missões de rua, oração, adoração, a vigília de oração. No domingo, último dia da jornada no Panamá, foi tempo de partilha com a comunidade da paróquia de Santo Condestável em Lisboa, na Eucaristia dominical, e de seguida, no Parque das Nações, junto com outros jovens do Patriarcado de Lisboa.

Em Portugal os jovens do MJS acompanharam a Jornada em várias iniciativas. Em Gondomar e em Lisboa 

Até à JMJ em Lisboa

Fazemos votos que a Jornada de 2022 possa constituir para o nosso País uma oportunidade de um novo dinamismo da pastoral juvenil. Que a preparação não fique só por uma quantidade de eventos, mas que ajude a crescer no espírito de participação, acolhimento, vivência cristã.

Venha a próxima JMJ e cá estaremos de alma e coração abertos para receber o sucessor de Pedro e cristãos de todo o mundo a fazer-nos sentir que somos a Igreja viva.

Texto e fotografias: António Matos, Fátima Pereira, Inês Ribeiro, Pe. Juan Freitas, Vasco Franco

Publicado no Boletim Salesiano nº 573 de Março/Abril de 2019

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