Cem anos depois: memórias de Fátima

“OUVI VÁRIAS PESSOAS A TESTEMUNHAREM O MESMO”

“Os meus pais falavam com muita frequência das aparições de Nossa Senhora” – recordava o Pe. José dos Santos. “Meu pai, Manuel dos Santos Júnior, foi uma das pessoas, num grupo de 18, a peregrinar à Cova da Iria, na companhia dos Pastorinhos, tendo assistido à segunda aparição: 13 de junho de 1917. Tinha à data 25 anos. E desde então, até outubro, nunca deixou de participar nas aparições. A minha mãe foi no mês seguinte, 13 de julho, e também nunca mais deixou de ir acompanhando meu pai. Eram convictamente devotos de Nossa Senhora de Fátima”. “Era muito curioso aquilo que eles sempre contaram em relação às aparições: quando Nossa Senhora chegava ou partia o sinal era uma espécie de zumbido de abelha. E quando ela pousava sobre a azinheira os ramos tombavam um pouco para a frente. Não era imaginação deles, porque ouvi várias pessoas a testemunharem o mesmo”, defendia o Pe. José dos Santos. “Sobre o «Milagre do Sol» referiam sobretudo o mistério das tais flores que caíam do céu, pareciam pétalas coloridas que lhes batiam no corpo e quando eles tentavam apanhá-las elas como que se desfaziam por entre as mãos”. “Depois de a primeira capela ser dinamitada, quem construiu a atual foi o meu pai, que era pedreiro”, contou ainda.

Pe. José Soares e Pe. Júlio dos Santos Rosa seminaristas e em 2009 nas Bodas de Ouro da Ordenação Sacerdotal

Outro salesiano ligado a Fátima e às Aparições foi o sacerdote italiano Humberto Pasquale. O Pe. Humberto, fundador das Edições Salesianas, publicou o livro «Eu vi nascer Fátima», que escreveu com a ajuda das longas conversas que teve com Manuel Pedro Marto, pai dos Pastorinhos Francisco e Jacinta. O Pe. Soares recordava: “O Pe. Humberto deixou o original do livro dactilografado para que o meu avô corrigisse o que não correspondesse à verdade. Então, nas férias, já eu e o meu irmão Júlio éramos seminaristas, alternadamente, íamos à noite a casa do meu avô para ler página a página os originais do livro. E recordo-me que muitas vezes o avô mandava parar, dizendo: «Alto, pára aí. Isso não está bem contado. Escreve de novo como foi». E eu de lápis na mão, na margem da folha, escrevia o que o meu avô ditava, repondo assim a verdade histórica”.

Artigos Relacionados