In Memoriam: recordar o Padre José Valinho

Recordamos o testemunho de fé e de entrega do Pe. José Pereira dos Santos Valinho, falecido no dia 4 de agosto, na Casa Artémides Zatti, aos 90 anos de idade e 72 de profissão religiosa, publicando a mensagem que recebemos de um antigo aluno.

«Queridos Familiares, Amigos e ex-alunos do Sr. Pe. Valinho

Pelo muito que devo ao Sr. Pe. Valinho, nesta hora de despedida, não resisto a dirigir-lhe uma breves palavras, num gesto de profunda gratidão, amor e amizade: Falar do Sr. Pe. Valinho é muito fácil, dadas as inúmeras virtudes que rodearam este sacerdote ao longo da sua vida! Não vou enumerá-las, pois todos conhecemos a sua estatura, como homem de Deus, ao serviço dos jovens seminaristas! Em Arouca acolheu-nos, acolheu-me, como um pai adotivo, terno, carinhoso, extravasando uma grande doçura num período de grande dificuldade de adaptação dos seus meninos “à vida conventual”. (Para quem não sabe, o seminário de Arouca estava instalado num convento monástico, das monjas de Santa Clara.)

O Sr. Pe. Valinho era um verdadeiro mágico a contar histórias lindas, devoradoras dos tempos de recreio, antes das orações da noite! Reuníamo-nos à sua volta como um bando de pintainhos em torno da sua mãe protetora, sorvendo com grande entusiasmo o maná destas histórias, particularmente as relacionadas com D. Bosco e Domingos Sávio! Sentia-se o bafo da respiração de cada um de nós! Prendia-nos o coração! Quando partíamos para férias, sentíamos muito a sua falta! Como agora.

O Sr. Pe. Valinho fez autênticos milagres na angariação de benfeitores para o seminário de Arouca, conseguindo a obtenção dos serviços gratuitos para os seminaristas dum médico republicano e anticlerical residente na vila, o Dr. Miranda. A dedicação deste médico era tanta, que chegou a levantar-se às 3 horas da manhã, para tratar dos seus meninos, devido a uma forte intoxicação alimentar na noite de Natal.

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Os salesianos deixaram Arouca, mas… a sua marca indestrutível na população arouquense ficou lá, e isso, deve-se, sobretudo, ao Sr. Pe. Valinho!

O meu coração chora de tristeza e alegria no momento da partida! Um sentimento de orfandade paira nas nossas almas! Mas… ao mesmo tempo, é um momento de grande regozijo no Céu pela chegada do arauto da fé!

Pe. Valinho! Continua a ser o protetor dos teus pequeninos junto de Deus Pai Misericordioso, do Senhor Jesus, da Virgem Maria Auxiliadora e D. Bosco, pois nós, continuaremos a ser teus filhos adotivos! Amamos-te muito e rezaremos por ti, como o fazíamos naquela casa em que tu nos acolheste: Arouca.

O nosso coração é demasiado pequeno para uma dívida tão grande! Vamos tentar pagar-ta em pequenas e suaves prestações! Selaste a nossa alma com o espírito de D. Bosco e a devoção a Maria Auxiliadora!

Obrigado, Pe. Valinho! Não te esqueças de nós, que nós também não vamos esquecer-te. O Senhor te receba de braços abertos no seu Reino.

Hermínio Lopes Machado»

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